Par ou Ímpar talvez seja o espetáculo mais lindo de nossa carreira

Kleiton e Kledir falam sobre carreira, criação e projetos

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Foram três shows em dois dias. Durante as manhãs de quarta e quinta-feira, a dupla Kleiton e Kledir e o grupo Tholl, contagiaram as 12 mil crianças com o espetáculo Par ou Ímpar, na 7ª edição da Jornadinha. Lançado em 2011 pela Biscoito Fino, o trabalho foi vencedor de melhor álbum infantil nos prêmios Açorianos de Música de 2012, e também da Música Brasileira. Na quinta à tarde, acompanhados dos músicos Adal Fonseca (bateria) Andre Gomes (baixo) e do marauense Dudu Trentin (teclados), os gaúchos de Pelotas relembraram clássicos das décadas de 80 e 90 no show do palco principal para o público adulto da 15º Jornada Nacional de Literatura. Logo após, em entrevista ao ON, a dupla falou sobre a montagem do infantil e de projetos futuros.

ON – Vendo a harmonia do espetáculo Par ou ímpar, a impressão que se tem é de que ele já nasceu com esta concepção de um musical?
Kleiton - Este é um processo natural, quando a gente cria um disco e dá certo, você monta o espetáculo e vai à luta, mostrar ao vivo. Subir ao palco talvez seja uma das coisas mais prazerosas para o artista. O trabalho Par ou Ímpar nasceu vencedor. O CD gravado em estúdio já foi indicado e ganhou como melhor disco infantil do ano, mas a grande questão era a de como levá-lo para palco. Sabíamos que para criança havia necessidade de algo especial, não só as canções. Então o Kledir falou do Tholl, conversamos muito, junto com a Branca, nossa produtora. Aceitamos a proposta e o pessoal do Tholl também recebeu a ideia com muito entusiasmo. Foram vários meses de trabalho. Moramos no Rio, tivemos de ir várias vezes a Pelotas, nossa cidade Natal e também do Tholl, para a montagem do trabalho. Trabalhos muito até chegarmos a este resultado.

ON – Logo em seguida surgiu o DVD
Kleiton - Quando o espetáculo ficou pronto, e como somos abusados, sempre queremos mais, partimos para gravação do DVD. A gente se deu conta de que tínhamos um tesouro nas mãos. As coreografias do João Bachilli, as roupas incríveis. É um sonho para nós, profissionais, para as crianças que assistem, assim como para toda a família. Os mais velhos se tornam crianças. O espetáculo se torna quase uma fábula visual, com as imagens, canções e textos. Talvez seja um dos espetáculos mais lindos que já fizemos em nossa carreira, e que tem nos dado um retorno fantástico.

ON – O trabalho inclusive conta com uma música sua feita quando ainda era criança?
Kleiton - As canções foram composta exclusivamente para o projeto. A gente tinha esta vontade há muito tempo, até porque vinha acontecendo outras trabalhos interessantes para crianças, como o da Adriana Calcanhoto, Pato Fu e Arnaldo Antunes. O nosso tem este diferencial porque as canções foram criadas exclusivamente para o Par ou Ímpar. Aí entram como bônus a minha primeira música, Bruxa, que compus ainda criança. Tem a canção que Kledir fez quando nasceu a filha dele, mas a ideia central era fazer um projeto todo criado para as crianças, como já ocorreu em outras épocas da música brasileira, Um destes exemplos é o mestre Braguinha.

ON – O projeto já está rodando pelo Brasil?
Kledir – Estamos rodando dentro do possível. É um projeto difícil de viajar em razão do tamanho da estrutura. Muitas pessoas na estrada, (aproximadamente 45) mas já conseguimos ir a Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e algumas cidades aqui do sul. A nossa vontade realmente é fazer uma turnê nacional, mas estamos buscando patrocínio para isto. Bilheteria de teatro não paga uma estrutura como esta. A vontade é de cair na estrada com eles e levar o espetáculo para o Brasil inteiro.

ON – A participação na jornadinha mostrou a interação da criançada com o espetáculo
Kledir – Foi muito lindo. A gente já tocou várias vezes em Passo Fundo, em épocas diferentes, mas os melhores shows que a gente fez aqui acho que foram estes. Justamente porque tinha esta participação das crianças. Fizemos dois shows para elas e foi muito lindo. Me falaram em seis mil crianças em cada apresentação. Elas fascinadas na plateia. O show que fizemos para os adultos também foi muito especial. Aí acho que entra a questão da Jornada, ela acaba aglomerando gente interessante, que gosta de ler, ouvir música. Acho que a Jornada tem feito isto, ela aglutina estas pessoas. Com certeza, isto para Passo Fundo tem sido muito importante porque vem surgindo gerações cada vez mais interessadas no hábito da leitura. Uma leitura diferenciada, com conteúdo, onde se encaixa nosso trabalho infantil. Um trabalho para criança, mas cheio de conteúdo. Para a gente foi muito legal estar na Jornadinha e na Jornada.

ON – E como estão os projetos para o público adulto. Após o Autorretrato a dupla tem intenção de lançar em breve um novo trabalho de inéditas?
Kleiton – Quando a gente gravou o Autorretrato tínhamos 90 canções inéditas. Compomos bastante. Claro que no período em que se grava um disco novo, a gente faz isto de maneira mais objetiva, como no caso de Par ou Ímpar. É um processo natural, muito agradável. Eu e o Kledir estamos sempre compondo. Atualmente estamos concentrados neste trabalho infantil. Existe a possibilidade de darmos sequencia a ele com um segundo CD. Posso garantir aos leitores que a dupla tem sempre muitos projetos. Este infantil era um projeto de muitos anos. Assim como temos a intenção de reunir o pessoal dos Almôndegas. Há 10 anos a gente fala disto, mas falta o momento, tempo, a empresa que vai pagar os custos. A dupla está sempre produzindo. Compor é quase uma necessidade. Eu pessoalmente se paro de compor começo a ficar deprimido, altera minha emoção, meu humor. Já muitos escritores falarem que escrevem porque gosta, porque têm necessidade. A música é assim, se eu paro com ela, me torno um ser vazio.

ON- A intenção de reunir o pessoal do Almôndegas seria para um trabalho inédito ou regravações
Kleiton – A nossa vontade é de regravar músicas já conhecidas dos Almôndegas, mas gravar com a nova tecnologia, com uma abordagem atual. Com certeza ficaria mais adequada nos tempos de hoje. Não passa pela ideia de se fazer coisas novas. Seria um reencontro de amigos. A gente já fez alguns ensaios. Gravamos numa época em que o estúdio tinha quatro canais. As condições eram precárias. A gente percebeu isto quando comemoramos os 15 anos do grupo com um show. A qualidade técnica nos surpreendeu. Mas nossa vida é muito corrida. Basicamente o que falta para este projeto é tempo, cada um mora em cidades diferentes, fica difícil reunir o grupo. Quem sabe um dia aconteça. Será um prazer.

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