Expressar. Do Aurélio, manifestar sentimentos ou expressões por palavras ou gestos. Ou, em outras palavras, declarar; exprimir; escancarar. A arte da expressão é para corajosos. É necessário desprender-se de medos e preconceitos e encarar uma plateia – que mais está dentro de si – do que ali, em meio a bancos.
Ao contrário da arte, o cenário é simples e não exige quase nada: um grupo de amigos, um pouco de poesia, um violão e muitas risadas. Uma melodia entoada junto com a voz que declama anuncia a reinvenção de um antigo modo de produzir arte. Os saraus, típicos do século XIX, deixaram a corte em que nasceram e optaram pela vida plebeia. O piano de cauda foi substituído pelo violão da família, às vezes esquecido no armário. Tarsila do Amaral, Mário e Oswald de Andrade se fazem presentes apenas pela voz de quem declama ou pelo pincel de quem retrata. A simplicidade e o improviso tomam conta e revelam uma juventude que cada vez mais acredita no próprio potencial.
Um jardim, ao lado da faculdade – espaço pequeno, mas suficiente para instalar alguns microfones, uma caixa de som. Não são necessários bancos ou cadeiras, eles sentam pelas escadas, na grama, no chão. A natureza acaba se misturando à decoração. Um arbusto abriga pequenos papeis com poemas. As luzes são penduradas entre as árvores. Tinta e pincel saem da sala de aula e ficam por ali, em uma classe na grama. Um varal com trabalhos dos estudantes de artes plásticas. Nesse cenário se construíram quatro Saraus da FAC – Faculdade de Artes e Comunicação. Se a chuva decide atrapalhar, os alunos não desistem: vão para dentro do prédio e o transformam.
Promovidos pelo DACG – Diretório Acadêmico Carlos Gomes – os saraus se tornaram tradição na faculdade. Em cada ano acontecem dois, um por semestre. Não há temas específicos, apenas a liberdade de falar, cantar ou pintar. E para quem pensa que só o pessoal que cursa Música toma conta do violão e do microfone, está enganado. Jornalismo, Publicidade e Artes Visuais disputam o espaço. A arte, como dizem, é livre. Taíse Souza Barfknecht, presidente do DACG, acredita que o Sarau é a oportunidade de mostrar a própria FAC: “O sarau da FAC é a oportunidade dos acadêmicos das Artes e da Comunicação expressarem suas habilidades e potencialidades. A importância do evento está em mostrar o que a FAC tem de melhor, além de preservar a cultura do artístico, do literário, do musical - que está enraizada na Unidade”.
O sarau, espaço para uma arte livre, sem preconceitos, livre para manifestações de todo o tipo, torna-se cada vez mais atual ao ser moldado por uma juventude que se confunde com a própria arte.
Como participar
O Sarau da FAC chega a sua quinta edição e para participar é só aparecer no jardim do lado da Faculdade de Artes e Comunicação, em frente ao oratório, na quinta-feira, 12. Inscrições podem ser feitas no DA, mas, se por acaso, você decidir cantar, declamar ou dançar na hora, também é possível