Do alto do palco, em meio à luzes, palmas e risos, o ator vê o público e das suas reações constrói o espetáculo. Para alguns atores, apenas a interpretação não basta. É preciso o estudo, a mostra, o ensino. A intenção, desde o início, foi se tornar uma indústria de difusão da arte e da cultura por toda a região de Passo Fundo. Sim, a Dia Indústria da Arte conseguiu: além dos espetáculos – que reúnem os jovens das escolas em que realizam oficinas – promove, agora, a quarta edição do Bate-Papo Teatral. O tema? Comédia.
De repente, os lábios se convertem, esboça-se um sorriso. Primeiro tímido, surge entre um devaneio e outro. Logo, os dentes são vistos, um som é ouvido, a gargalhada se revela. Como nasce o riso? De onde ele vem? O que traz, a que se propõe? Quem o desperta pode não imaginar ou pouco saber, mas junto com ele há boa parte do mundo.
Boa parte do mundo carrega, também, um palco. Nele, a vida acontece. Entre um gesto e um riso, a interpretação se revela como uma arma. Antes de jogar-se ou apoderar-se de tal arma é preciso saber senti-la, saber ouvi-la, saber entende-la. Não se pode, jamais, apoderar-se de algo sem o conhecer. É preciso desbravar as entranhas do “algo” para depois expô-lo ao mundo como seu.
Depois de estudar o teatro, a Dia apresentou o teatro. Agora, fala sobre isso. A primeira edição do Bate-Papo teatral trouxe como tema o mercado de trabalho artístico e teatral. Depois, a opção foi por falar em teatro como profissão. A terceira edição do Bate-Papo abordou o cenário artístico e cultural de Passo Fundo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Nessa sexta-feira, o Teatro do Sesc vai ser o palco para uma conversa sobre a comédia.
O gênero, que é especialmente recorrente em Passo Fundo, tem grandes nomes no cenário local. A mediação do encontro será de Felipe Lemos, ator e diretor da Dia. Ao lado dele, os debatedores – Iussen Seelig (Dia Indústria da Arte), Magda Cavalheiro (Timbre de Galo), Carlos Alberto Mayer (Filhas da Mãe), Elisandra Assunção (Núcleo Rindo á Toa) e o ator porto-alegrense Plínio Marcos da Íris Produções. “Um dos objetivos é um bate-papo mais aprofundado nesse gênero teatral que tem a imensa maioria dos espectadores de teatro na nossa cidade e no Brasil de modo geral”, comenta Iussen Seelig um dos debatedores e, também, ator e arte-educador.
Além de explorar o tema, o objetivo é, também, dar visibilidade aos atores que são os responsáveis pelos risos da cidade e, ainda, proporcionar experiências de palco aos integrantes da Dia. Na abertura do evento, os alunos de formação teatral da Dia irão apresentar a esquete “O Protesto”, baseada na obra Saltimbancos de Chico Buarque de Hollanda. A peça, dirigida e adaptada por Felipe Lemos, traz o desenvolvimento do trabalho de alunos que participam das atividades da Dia: a timidez aos poucos se vai, a interpretação ganha força, os gestos parecem falar e, pouco a pouco, eles são mergulhados, também, no universo do riso.