Coluna: Nas alturas de Columbia

Por Marcus Freitas

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Há semanas, no pouco que sobra de tempo para dar aquela jogadinha básica, finalizei um dos candidatos a jogo do ano de 2013, por mais que a briga esteja com The Last of Us e GTA V. O shooter BioShock Infinite é último jogo da franquia criada em 2007 pela mente genialmente insana de Ken Levine. A tensão, trama bem trabalhada, o terror e todos os elementos que transformaram a série em algo obrigatório estão presentes.

Primeiramente, vale lembrar qual é a importância de BioShock, já que todo ano saem vários jogos de tiros. Poucos títulos foram realmente inovadores ou trouxeram fôlego para o gênero, iniciando com a carnificina de Doom, depois com Medal of Honor puxando uma era inteira de FPSs sobre a segunda guerra mundial para, finalmente, chegar até os tempos modernos com Call of Duty: Modern Warfare. Aqui entra BioShock, já que ele privilegia uma parte geralmente esquecida por seus coleguinhas: a história.

Tudo bem é um pouco difícil inovar nesse ponto, principalmente com a linearidade exigida pelo próprio estilo, mas não é impossível. No primeiro game – a sequência direta veio em 2010 –, um acidente leva o jogador até os sombrios corredores de Rapture, uma cidade construída por Andrew Ryan nas profundezas do oceano. “No Gods or Kings, only Man” é o slogan da cidade sem leis, um lugar de livre comércio, livre propaganda e livre exploração científica. Era previsível que isso não daria certo e que a ruína total, juntamente com a loucura e destruição não demorariam a vir.

A espinha dorsal da trama que se estende nos três jogos é a obra da escritora russa Ayn Rand. Ela criou uma teoria filosófica conhecida como “objetivismo”. O egoísmo individual e a liberdade econômica são os principais pilares, mas entre os demais princípios do seu postulado estão: realismo na metafísica; empirismo, realismo, racionalismo e objetivismo na epistemologia; individualismo, egoísmo e racionalismo na ética; liberalismo “laissez faire” na política e capitalismo na economia. Em Infinite, a ácida crítica social está presente novamente. A primeira vista, Columbia é uma cidade perfeita com uma arquitetura linda, não existe maldade e pobreza, é praticamente um oásis perdido nos céus.

Mas tudo isso é apenas uma fachada para uma sociedade preconceituosa, hipócrita e escravocrata, face que é mostrada à medida que a trama avança com plot twists bem similares à onda de protestos vista em julho. Junte isso a gráficos detalhados, uma jogabilidade eficiente e personagens misteriosos e carismáticos como a bela Elizabeth para ter uma obra bem diferente do resto. Ficou curioso? Separe um tempo para Infinite e tenha um bom passeio lá nas alturas.

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