Artistas e crianças se assemelham quando se observa o desprendimento de ambos para imaginar, para sair do universo real e se transpor para o mundo da fantasia. O artista é um adulto que não abandonou as características infantis de investigar, de criar de se transportar para mundos que permeiam o imaginário. A criança, por sua vez, é habitante natural destes mundos e passeia entre eles com a facilidade de quem não precisa de porquês. Ao observar artista e criança, o Museu de Artes Visuais Ruth Schneider apresenta, desde quarta-feira, Imaginário Infantil - uma mostra que reúne representações do universo infantil produzido por artistas que integram o acervo do Museu.
Personagens, animais e objetos frutos da criatividade de tais artistas constroem um panorama proposto na exposição. Entre os nomes que estão expondo, Zoravia Bettiol, Eduardo Haesbaert, Caé Braga, Maria Tomaselli e Tania Couto são alguns dos responsáveis por apresentar características que remetem, de alguma forma, à infância. - sejam traços mal delineados, manchas emmeio a pintura, ironia, ou brincadeira no meio daquilo que a arte proporciona. Considerando a infindável capacidade criativa das crianças “Imaginário Infantil” traz além de variada gama de linguagens artísticas, gravura, desenho, pintura, escultura e animação, jogos e espaço para que elas expressem sua imaginação, criem seus universos e personagens dentro do Museu. Lado a lado, a brincadeira e a arte dão se as mãos e conseguem, de forma única, caminhar para outros destinos.
Durante a exposição, que vai até 10 de novembro, o Segundo vai trazer, no final de semana, algumas brincadeiras propostas para as crianças. A primeira delas, envolve a arte de Glauco Pinto de Moraes.
Passo-fundense, nascido em 1928, teve significativa participação no movimento do hiper-realismo foi um importante e conceituado artista brasileiro. Começou a experimentar e praticar a pintura no ano de 1968, enquanto ainda exercia a advocacia, dedicando grande parte do seu universo pictórico ao tema das locomotivas. O artista também difundiu seu trabalho através de técnicas gráficas como a serigrafia e a litografia.
Em 1974, recebeu o Prêmio Aquisição no Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro e o Prêmio Sensação de Júri na Bienal Nacional de São Paulo. Foi convidado para o 8º Panorama da Arte Atual Brasileira em São Paulo no ano de 1976 com pintura e desenho. Recebeu o Prêmio da Crítica pela melhor exposição de Pintura do Ano. Participou em 1978 como artista convidado da 1ª Bienal Latino-Americana e obteve o Prêmio de Viagem ao Exterior do Salão Nacional de Arte Moderna. Glauco participou de várias bienais e realizou inúmeras exposições coletivas e individuais. Foi também um dos fundadores da Associação Profissional de Artistas Plásticos de São Paulo e membro do Conselho Administrativo da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, tendo participado do Conselho de Arte e Cultura e atuado como coordenador de Artes Plásticas da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Glauco faleceu em 1990, na cidade de São Paulo e, em Passo Fundo, o MAVRS decidiu homenageá-lo ao nomear duas de suas salas como “Espaço Glauco Pinto de Moraes”.
A atividade - explicada no box abaixo e envolvendo a figura que ilustra a página - incentiva e estimula a criatividade e o lúdico infantil. No mês da criança, além de Imaginário Infantil, o MARVS também abriga a exposição “Brincando com o tempo: crianças de ontem”. Ambas despertam as lembranças de um universo infantil que jamais enconta a fase adulta.
O MARVS fica aberto de terça à sexta, das 8h30min às 17h30min, sábado e domingo, das 13h30min às 17h30min.
A atividade
Na primeira brincadeira da exposição, elaborada pela coordenadora educativa do MAVRS Luciane Campanas, as crianças foram convidadas a observar a arte de Glauco e, inspirados nela, desenhar um autoretrato. Segundo a atividade, neste desenho em aquarela, de 1979, Glauco, parece estar debochando dele mesmo! “Observe o que ele fez com seu autoretrato, deixamos um espaço para você se desenhar também de um jeito engraçado”, dizia a proposta.