Compositor de MPB. Carioca. Poeta. Sensível e entregue. Vinícius de Moraes foi um dos homens que conseguiu falar do mais íntimo do ser humano. Conseguiu, também, tornar a escrita simples ao mesmo tempo em que carrega a intensidade de quem vive o que escreve. O poetinha – porque não queria ser poeta – encontrava nos bares da zona sul do Rio de Janeiro, nas casas de amigos, na praia de Ipanema um motivo para escrever, cantar, enfeitar melodias.
Nesse sábado, 19, Vinícius comemoraria cem anos. Cem anos de histórias. De parcerias. De composições e palavras. De amor, principalmente. Vinícius viveu a vida intensamente. Além de escrever, por puro prazer, foi jornalista, intérprete, diplomata, crítico e advogado. As músicas vieram na bagagem. Viajou o mundo – às vezes sozinho, às vezes acompanhado por uma das nove esposas que teve durante toda a vida.
Entregou-se, mesmo, à vontade de escrever e retratar tudo o que sentia. Além dos poemas, Vinícius dedicou sua criatividade e sentimentos à prosa, aos sonetos e às músicas. Nestas últimas, ele assina uma das músicas mais emblemáticas da cultura brasileira: Garota de Ipanema. Vinícius ultrapassa as fronteiras das gerações e chega para a geração Y como um ícone – de literatura e de entrega literária. A formação do poeta sempre foi rígida, mas era na boêmia que Vinícius se encontrava. Não era irresponsável, mas gostava de encontrar a beleza e a simplicidade na noite. Ali, os sentimentos afloravam e a entrega era imediata.
A entrega maior de Vinícius foi aos amigos. Não tinha colegas de trabalho. Sua parceria era destinada apenas àqueles que considerava amigos. Carlos Drummond de Andrade, Tom Jobim, Toquinho. Com eles, poesia e música. Com Toquinho, por exemplo, foram mais de 120 músicas compostas. Muitas delas regravadas diversas vezes. Mas, atalvez, tenha sido Tom Jobim o grande amigo. Veio dele o apelido,m poetinha. Com ele, a obra Garota de Ipanema, Canções do Amor Demais, Luciana, Estrada Branca, Chega de Saudade. A parceria mudou não só as carreiras dos dois, mas de toda a música brasileira. Ao lado dele, Vinícius foi um dos responsáveis por consolidar a Bossa Nova no cenário brasileiro.
Com o cigarro ou um copo de bebida na mão, Vinícius foi imortalizado pelo sentimento que carregava e jogava nas palavras ou nas melodias. Sua poesia e seu encantamento não passam, não desaparecem e não envelhecem. Pelo contrário: renovam-se a cada nova forma de ver a obra do poetinha que foi diminutivo apenas no apelido.