Do palco para o campo

O Retiro de Imersão Teatral é a entrega total à arte. Com quatro oficinas, o Retiro abordará desde a música até o monólogo.

Por
· 3 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Em janeiro de 2011, uma formatura. A primeira e única turma do curso de Produção Cênica abandonava os bancos acadêmicos para aventurar-se no palco. Diferentemente do curso, que acabou, o talento de cada um deu vida a um novo grupo. Surge uma companhia de teatro, mas não só isso. A Dia Indústria da Arte, formada pelos egressos, se transformou em uma escola para atores, habitat natural do estudo da arte. Eles sobem ao palco e quando sobem estão cientes de onde pisam, porque pisam e como pisam. A paixão os move, sim. Mas o estudo os faz permanecer em cena.

Em janeiro desse ano, um retiro. Em dois dias, a comunidade mergulhou no universo do teatro no 1º Retiro de Imersão Teatral. Realizado pela Dia, a atividade focou na formação do ator e aconteceu junto à barragem do Capingui. A atividade deu certo e, agora, se repete. Desta vez, serão três dias de atividades: de 1º a 3 de novembro a barragem do Capingui recebe, novamente, a comunidade interessada em aprender e fazer teatro. Os participantes se reúnem às 18h, na sexta-feira, e serão dispensados às 18h de domingo. Serão 60 horas consecutivas de atividades.

Para fazer teatro não é preciso muito. Um professor, alguns alunos, um texto. Logo, uma cena toma forma; uma interpretação ganha sentido e, para quem assiste, a intensidade fica por conta da realidade que, no rosto de cada ator, estampa a própria vida. Para a Dia Indústria da Arte é preciso apenas paixão. Se vier acompanhada de algumas barracas, fogueiras e grama, melhor. O Retiro de Imersão Teatral é a entrega total à arte. Com quatro oficinas, o Retiro abordará desde a música até o monólogo.

A primeira oficina, ministrada pelo músico, ator e diretor Carlinhos Tabajara do Grupo Timbre de Galo será, justamente, sobre música e acontecerá em forma de lual. A segunda, traz o estudo do ator na sua origem com o ator e produtor Iussen Seelig. Para falar da preparação corporal na busca da autonomia do ator, Felipe Lemos. E, por fim, a oficina de preparação para monólogos com a porto-alegrense Elisa Lucas que é mestra em teatro pela Universidade de Sevilha na Espanha, onde, atualmente, é doutoranda. Além disso, Elisa, em 2010, recebeu o Prêmio Tibicuera de Melhor Atriz por Histórias de Uma Mala Só; participou de curtas-metragens no Brasil e Espanha e, desde 2001, atua, roteiriza e produz campanhas de Teatro Empresarial dos Grupos GKN, Taurus, GM. Elisa realizou cursos com Jean Jacques Lemetre, Philip Goulier, Thomas Leabhart, Antonio Amâncio, Maria Helena Lopes, Luis Carlos Vasconcellos, Ivaldo Bertazzo e outros mestres do Brasil, Espanha, Itália, França e EUA.

A opção, desta vez, é trabalhar o ator como indivíduo, destaca Iussen Seelig o produtor da Dia Indústria da Arte. “Durante todo o ano trabalhamos enquanto grupo e, neste retiro, vamos trabalhar o ator e a preparação do ator de forma individual. Além da oficina de monólogo, a oficina de música vai explorar a trilha como instrumento do ator e não apenas como som”, explica.

Além das oficinas, a inscrição inclui transporte até o local, alimentação e hospedagem - cada participante leva a sua barraca ou há a possibilidade de barracas coletivas. Também estarão disponíveis os quartos na casa de apoio e, nas barracas ou nos quartos, haverão monitores auxiliando e orientando os participantes. A companhia ressalta que é terminantemente proibida a entrada na água da barragem, o consumo de bebidas alcoólicas, fumar cigarros, namorar ou sair da área reservada para as atividades. E, por fim, os pais são convidados a participar do sarau que acontece na primeira noite e, podem também, participar do retiro para acompanhar os filhos.

Sair de casa e da cidade por três dias para mergulhar no universo do teatro é uma proposta ousada, mas condizente com a realidade da Dia Indústria da Arte que está estruturada em quatro eixos centrais. Além da proposta de ser, de fato, uma companhia teatral há, também, um segundo eixo que busca aliar educação e teatro e focar na formação teatral. Além destes, produção cultural e pesquisa teatral. Dentro deste último eixo, a Dia realiza diversas atividades - de oficinas à bate-papos - que são capazes de introduzir aluno e ator em um mesmo universo de aprendizagem. O alcance da companhia, após pouco mais de dois anos de atuação, ultrapassa as 2000 pessoas e atinge escolas, periferia e centros urbanos.

 

Gostou? Compartilhe