A leitura que abre portas à arte

Não só as portas para a arte, mas como os braços para o público se abriram: entre páginas, abraços e pinceladas a 27ª Feira do Livro começa hoje!

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Em novembro de 1986, ela surgiu tímida. Alguns livros, poucas prateleiras, umas duas ou três conversas. De lá pra cá, apenas uma coisa continua imutável: o seu destino sempre foi estar junto à comunidade, na praça. Ora na Praça Marechal Floriano, ora na Praça da Matriz Nossa Senhora da Conceição, a Feira do Livro ganhou a cidade. Hoje, na sua 27ª edição, é a oportunidade de Passo Fundo se encontrar nas páginas, nas linhas, nas palavras.

Rua fechada, estrutura montada, público convidado. Ela chegou. Pouco a pouco, a Feira do Livro foi desenhando um rosto e construindo uma identidade. Carregada da essência da literatura, a partir de hoje, a cidade, mais uma vez, se une em favor das páginas.

Com o tema “A leitura que abre as portas à arte”, o evento pretende relacionar a arte da leitura com as artes visuais. Exposições, bate-papos, debates, apresentações artísticas e culturais, contações de histórias, teatros – disponíveis gratuitamente na Praça Marechal Floriano – irão transpor as barreiras – se é que elas ainda existem – entre a arte em geral e as páginas dos livros. Laura Lunardi, presidente da Associação dos Livreiros de Passo Fundo, explica que o tema é uma proposta para além do livro: “Queremos, com esse tema, relacionar a arte da leitura com as outras artes, ou seja as artes visuais. O livro é o começo de tudo, mas vamos celebrar, na Feira do Livro, o teatro, a dança, a música e o cinema”, explica.  Ela comenta, também, que ao ler, as linhas levam para outras referências: “Na leitura, além das páginas, você ultrapassa as linhas, vai para outras artes. Quando você lê o livro, não fica só ali, você expande e leva esse conhecimento para outras artes visuais”.

Buscando a proposta do tema, a identidade visual da 27º edição da Feira do Livro tem como inspiração as obras de artistas que apresentaram influência do cubismo em seus trabalhos, sendo brasileiros ou não. O movimento cubista apresenta como características a promoção da decomposição, a fragmentação e a geometrização das formas, além do uso de cores mais fortes. A composição da identidade visual foi baseada nos artistas Candido Portinari, Maria Helena Vieira da Silva e Antonio Bandeira e feita por João Azeitona – que participa da Feira do Livro – e buscou colocar no papel a viagem do livro para outras artes através da geometria.

As estruturas de metal na Rua General Neto, montadas desde o início da semana, apresentam a novidade do ano: o espaço foi ampliado. Ao todo serão 21 espaços divididos entre nove livreiros e expositores. O Jornal O Nacional, em parceria com o Sesc, tem um estande próprio e, durante todo o evento, realiza atividades lúdicas para as crianças. E, além dos espaços para expositores, o espaço para os debates abriga, agora, cerca de 450 pessoas sentadas – 150 a mais do que no ano passado.

Todo o trabalho de realização e montagem é para que, neste ano, o foco se volte para Passo Fundo. Os 40 autores são, em sua maioria, da cidade ou região e trazem para o palco da Feira do Livro um pouco do que está sendo produzido por aqui. Além deles, os homenageados também têm suas raízes firmadas em solo passo-fundense. O patrono, Paulo Monteiro, é historiador de longa data e decifra, melhor do que ninguém, o desenvolvimento da cidade. A educadora emérita, Selina Dal Moro, riscou os quadros das salas de aula passo-fundenses com giz e aprendizado - foi professora durante muito tempo em Passo Fundo. Por fim, o projeto da Escola Municipal Daniel Dipp - a Biblioteca Itinerante - ganhou o título de Amiga do Livro.

Além dos autores, o destaque da Feira do Livro são, de fato, as páginas. No ano passado, o público - que chegou a aproximadamente 80 mil pessoas - consumiu cerca de 40 mil livros. A ideia é ultrapassar a marca. Para isso, estão sendo oferecidos descontos de 15%  nas livrarias associadas. Além do desconto, o tradicional sebo oferece promoções que vão dos livros aos discos com preços muito menores. O objetivo  é oferecer à comunidade passo-fundense e regional o acesso a livros com preços inferiores aos de mercado e, ainda à produção cultural de artistas locais e regionais propiciando, acima de tudo, intercâmbio entre autores, editoras e leitores de múltiplas linguagens.

Promovida pela Associação dos Livreiros de Passo Fundo, com o apoio da Prefeitura Municipal, a Feira do Livro irá reunir a literatura local e colocá-la lado a lado com outras expressões artísticas. A programação oficial pode ser conferida nas páginas 4 e 5. De 1º a 10 de novembro a cidade recebe o corredor de livros. A tradição se instala na Praça Marechal Floriano e a literatura ganha a cidade. E essa literatura abre as portas não somente para a arte, mas, também, para o próprio leitor que, cada vez mais, mergulha nas palavras.

 

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