Sobre livros e quadros

Homenagear é a forma de agradecer o trabalho realizado pela cidade. Na 27ª Feira do Livro, Selina Dal Moro é a Educadora Emérita e a Biblioteca Itinerante da Escola Municipal Daniel Dipp, a Amiga do Livro

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As homenagens da 27ª Feira do Livro parecem refletir o seu tema. Buscando, sobretudo, a viagem da literatura pelas artes, o tema busca, também, transpor qualquer tipo de barreira que impossibilite o leitor de tocar, sentir e se emocionar com histórias de páginas e linhas. Nesse sentido, a Feira elege Paulo Monteiro, capaz de carregar a história na própria vida, como Patrono. Ao lado dele, Selina Dal Moro - que dedicou a vida à educação - como Educadora Emérita. E o projeto Biblioteca Itinerante da Escola Municipal Daniel Dipp - que sai das salas de aula para as casas da comunidade - como Amiga do Livro. Entre livros e quadros, a literatura parece não pertencer a qualquer um deles, mas a um universo muito mais complexo.

 Sobre os livros

Para ser amigo é preciso convivência, companheirismo, talvez entrega. Para ser amigo, é preciso estar ao lado, aproximar-se do íntimo do outro e entendê-lo. Nem sempre é fácil. Mas amigos são assim: aproximam-se ainda que hajam barreiras, completam-se e assemelham-se. De um lado, a Feira do Livro. Do outro uma escola. A primeira, na sua 27ª edição já influenciou o gosto pela literatura em milhares de pessoas. A segunda, responsável pelas primeiras palavras, encaminhou tantos pequenos leitores pelas páginas da literatura que é impossível contar. Uma amizade, obviamente, nasceria.

Em 2013, tal amizade se solidifica, se torna concreta e visível. Em 12 de agosto, a Escola Municipal Daniel Dipp, no bairro Hípica, ganhou uma Biblioteca Itinerante através do projeto Viagem na Leitura. Criada por alunos, funcionários e professores da escola, a proposta é instalar expositores de livros em mercados, salões de beleza, lojas e unidades de saúde para que a leitura se aproxime dos morados e se torne uma opção de lazer à comunidade. Basta escolher o livro a ser lido e levar para casa. Depois de ler, a devolução pode ser feita em qualquer outro expositor Viagem da Leitura. Se o leitor quiser ficar, definitivamente, com o livro também é possível: basta doar outro em troca.

Livros, revistas e gibis não são mais propriedade das salas de aula ou de uma biblioteca apenas. Fugiram dos muros da escola e ganharam a comunidade com dez expositores espalhados pelas ruas do bairro. A proposta parece alinhar-se com o tema da Feira: transpor barreiras e aproximar-se da arte, esteja ela nos museus ou na vida de alguém. A iniciativa da Escola Municipal Daniel Dipp - que através da leitura busca proporcionar às famílias dos estudantes oportunidades de acompanhamento dos projetos escolares, incentivar a leitura da população  e, ainda, chamar a comunidade para perto da escola - rendeu ao projeto o titulo de Amiga do Livro na 27ª Feira do Livro.

 Sobre os quadros

Uma sala de aula, algumas classes e, sempre, um quadro. Negro ou branco, o quadro carrega a escrita que, de giz ou de caneta, ensina. A caligrafia também é motivo de viagem: transporta por novos saberes. Selina Dal Moro, escolhida como a Educadora Emérita desta edição da Feira do Livro, tem nas mãos mais de cinquenta anos de magistério. Seu trabalho na cidade, vai dos quadros escolares às pesquisas científicas.

 Selina iniciou, como professora com 15 anos. Mais tarde, em Passo Fundo, a Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo a acolheu, Ao mesmo tempo, passou a se dedicar ao Instituto de Teologia e Pastoral da cidade, abordando aspectos da religiosidade mariana. Na Faculdade de Educação, se dedicou, também, à extensão e foi diretora e membro do conselho da unidade. Sua pesquisa chega ao número de 50 trabalhos publicados em revistas, periódicos e outras publicações científicas. Hoje, Selina é aposentada pela Universidade, mas ainda colabora na docência e na pesquisa do Itepa. Todo o cuidado com o ensino e com a pesquisa, faz de Selina um dos nomes que define a educação na cidade. Para ela, ser Educadora Emérita é uma honra e uma surpresa. “Eu poderia dizer que recebi esse convite com três sentimentos diferentes. Primeiro, surpresa. Nunca imaginei que pudesse receber essa distinção. Fiquei me sentindo quase não merecedora do título. Depois, veio a emoção. Fiz uma retrospectiva do meu trabalho de professora em Passo Fundo e logo veio o reconhecimento e a gratidão, especialmente pela Universidade de Passo Fundo, mas, também, por todos aqueles que fizeram parte da minha trajetória. Se eu pude contribuir com a educação e com os jovens foi porque a UPF investiu muito em mim. Essa escolha, também, fez com que a opção pela cidade, embora não nascida em Passo Fundo, fosse uma opção de carinho por uma cidade tanto me acolheu”, comenta.

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