Sobre escolhas e escritas

Claudia Laitano, autora de ?EURoeMeus livros, meus filmes e tudo mais?EUR? e editora da área de cultura da Zero Hora abordou, na Feira do Livro, seu texto, sua carreira e suas escolhas

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A noite de segunda-feira trouxe um dos bate-papos mais esperados da 27ª Feira do Livro. Cláudia Laitano, editora cultural da Zero Hora e autora de dois livros de crônicas - entre eles, o lançamento “Meus livros, meus filmes e tudo mais” - contou um pouco do seu dia-a-dia e explicou suas escolhas para construir os livros. Como quem escreve uma crônica, de forma simples e sincera, Cláudia se colocou lado a lado ao público e propôs interlocução. Em pouco mais de uma hora, seu pensamento, suas opiniões e seus desejos foram expostos e recebidos por um público ansioso pelo diálogo.

Cláudia trabalha com cultura há mais de 20 anos, há 13 na Zero Hora e há 10 com crônicas. A trajetória acumula títulos lidos, vistos, ouvidos e criticados. Do café com os colegas às polêmicas mundiais, Claudia se tornou plural e escreve, hoje, buscando atingir um público que pensa não ser grande, mas que é extremamente fiel. “A gente cria uma espécie de laço de responsabilidade com o leitor e quer contribuir de alguma forma com a formação.” A autora se dedica, durante a semana, ao Segundo Caderno da ZH e é só na sexta-feira que ocupa o pensamento com a coluna. “Eu me dedico a esse trabalho na sexta-feira, porque na maior parte do tempo eu to preocupada com a parte da cultura, o que vai ser notícia em cinema, em literatura. Na sexta-feira me dou o luxo de pensar só na crônica.”

Lentamente, o texto se constrói. Para ela, escolher o assunto já é um trabalho de reflexão e que permite pensar, de forma mais profunda sobre o ângulo que vai ser trabalhado. Depois, a busca é por despertar inquietação. “Eu procuro despertar a vontade de debater e de discutir. Recebo e-mails muito embasados. Nem sempre concordo com eles, mas essa troca é muito importante”, destaca. Claudia foge de rótulos, preconceitos e prepotência. Procura a simplicidade e a abertura para novas ideias. “Eu tenho muito cuidado com o leitor porque não gosto do texto muito acertivo: “você devia fazer assim, esse jeito é melhor”. Eu prefiro espelhar no texto mais as minhas dúvidas do que as minhas certezas”, declara.

E a crônica é a possibilidade de falar, de duvidar, de expor opinião. Ao contrário da notícia, que pede objetividade. Para Claudia, as duas podem se encontrar. “O meu texto é um texto muito vinculado com a notícia - o que está se comentando, as polêmicas do país, os assuntos mais comentados nas redes sociais”, explica. A diferença é que, ali, na coluna é a opinião de Cláudia e só. Como jornalista que é, jornalismo e literatura, nas crônicas de Cláudia, quase se misturam. “Crônica é um gênero muito querido e existem muitos cronistas e cada um diferente do outro. Alguns se sentem mais a vontade comentando o cotidiano imediato, outros tem uma abordagem mais íntima e comportamental, outros tem uma pegada mais de humor. O meu perfil tem muito a ver com o que é o meu trabalho. Crônica é um gênero que alia literatura e jornalismo e cada cronista vai pender mais para um lado ou outro. Os textos que eu escrevo tem muitos comentários de livros e de filmes” comenta.

E é nesse ponto que Cláudia se diferencia. O livro que está lançando, “Meu livros, meus filmes e tudo mais” é uma espécie de guia - sem a pretensão que Claudia foge, mas com a suavidade de alguém que indica. “É um recorte muito específico das crônicas que escrevo na Zero Hora, há dez anos. Escolhi aquelas crônicas que sobrevivem bem no livro e que eu falo, de alguma forma, de cinema ou literatura ou música” explica. No final de cada crônica, Claudia oferece uma pequena  lista de sugestões filmes e livros que dialogam com o tema que trata. “É uma chave para uma outra leitura e uma tentativa de dar permanência a essa leitura”, conclui. Chave que abre portas, assim como o tema da 27ª Feira do Livro propõe.

 

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