Ele está espalhado pela timeline do Facebook. Está nas prateleiras, entre outros livros. Está nas livrarias, esgotando-se. É o destinatário de tantas cartas soltas por aí. Está nos livros de literatura, nas listas dos mais românticos, no grupo dos mais solitários. Caio Fernando Abreu, morto há mais de quinze anos, está vivo. A sua palavra o mantém assim. Sua sensibilidade o coloca no cenário da arte a todo momento. Em Passo Fundo, também: o projeto Café com Caio, um momento de intimidade com o autor, está de volta e acontece em seis oportunidades na cidade.
Caio foi ousado. Não só na escrita, mas no seu cotidiano. Declarou-se gay em plena ditadura militar e, desde então, abriu o coração em cada uma das páginas que escreveu. Solidão, medo, morte, amor e sexo. Tudo aquilo que permeava sua mente, se adonava de suas palavras. Hoje, Caio volta às redes sociais e é quem melhor traduz os sentimentos de uma juventude tão confusa e inconstante quanto ele mesmo. Aos 47 anos, Caio foi derrotado pela Aids e a sua emoção ao falar de si e de seus sentimentos foi o que restou.
Através das palavras, Caio parece aconselhar. Sua experiência motivou o Núcleo Rindo à Toa a elaborar um projeto que fosse o retrato da vida do autor. Em 2012, o Café com Caio movimentou a cidade e trouxe uma proposta de teatro diferente. O espetáculo é intimista, poucas pessoas. Antes de entrar em cena, no entanto, é oferecido um café, boa música e conversa jogada fora. Depois, os convidados mergulham na vida de Caio e através de trechos que exalam a essência do autor, o espetáculo “O Homem que Acreditava” se constrói. As cortinas não se fecham e nem mesmo há um palco. Há, na realidade, um encontro entre obra e público. E, se alguém ainda quiser discutir sobre o autor, há espaço.
O objetivo, como o grupo explica, é movimentar e fomentar a arte em Passo Fundo nas suas mais variadas formas. essa segunda edição chega com uma novidade, o espetáculo será realizado na casa do ator. De 2012 para 2013, uma mudança. O espetáculo acontece, agora, na casa de Márcio. A intimidade torna-se ainda maior e em pouco mais de uma hora, Márcio Meneghell torna-se o próprio Caio e confessa tudo aquilo que guarda consigo. O público é aconselhado a ir preparado para enfrentar uma montanha russa de sensações e se atirar do riso à emoção em poucos minutos.
O desafio, para o Núcleo, é constante. E, dessa vez, a temporada abrange seis apresentações: 29 e 30 de novembro e 01, 06, 07 e 08 de dezembro, a partir das 19h Café e às 20h o espetáculo “O Homem que Acreditava”, na casa do ator - na Av. Brasil 606; próximo ao Colégio Bom Conselho. Como o espaço é limitado, é preciso fazer a reserva de ingressos pelo telefone 54 9932 1735.