No meio de melodias, um acorde se sobressai. Nele, toda a essência cigana se revela. Logo, a intensidade dos passos, a certeza dos gestos e a sensibilidade do olhar retratam uma arte que tem em suas origens toda uma cultura. Remanescente da influência árabe e judaica, a arte flamenca é associada, principalmente, a região da Andaluzia na Espanha e é, hoje, um símbolo do país.
Carregado do espírito das lutas e da voracidade das guerras, o flamenco é uma dança quase que desesperada. Os passos são firmes, o olhar é profundo. A roupa reflete a esperança e o movimento. O som coloca o ritmo de uma busca incessante. Ainda que seja uma mescla de culturas e que tenha na Espanha o seu maior habitat, no Brasil o flamenco também tem espaço. Nos anos 50, quando os imigrantes espanhóis começaram a chegar no país, o flamenco embarcou junto. Desde lá, os palcos se abriram.
Fundada pela bailarina e coreógrafa Andrea Del Puerto, a Companhia de Flamenco Del Puerto é uma das companhias de dança que aposta, essencialmente, na cultura flamenca. Nasceu em 2001 e, desde então, os palcos do estado e do país receberam um pouco mais da essência cigana. Além dos espetáculos – de dança, música e interpretação -, a companhia realiza encontros para discussão e aproximação do público interessado com a arte flamenca. Toda a produção resultou em prêmios nos mais de dez anos de atuação que se dividem nos seis espetáculos realizados, entre eles, “Las Cuatro Esquinas”.
Em pouco mais de uma hora, o espectador se vê em uma nova cidade. A dança é, na verdade, uma forma de criar novas ruas, novos portos, novas relações. Durante o espetáculo, a arte se dilata por cada nova esquina e por ambientes repletos de som e silêncio. A ideia é que o público faça um passeio pelas madrugadas, quando a cidade está adormecida e a sensação da tensão dos cruzamentos percorre os músculos e estimula o efeito do barulho e do movimento cotidiano. O espetáculo tem a direção de Ana Medeiros, Daniele Zill e Juliana Prestes e conta com a apresentação de Giovani Capeletti (guitarra), Ana Medeiros, Daniele Zill, Juliana Prestes (baile, castanholas e palmas) Tatiana Flores e Juliana Kersting (palmas). “Las Cuatro Esquinas” conquistou, em 2012, o Prêmio Açorianos de Melhor Espetáculo.
Com passos marcados e melodia acelerada, o flamenco ganha os palcos do Teatro do Sesc nesse domingo, 8, a partir das 21h. A classificação é livre e os ingressos podem ser encontrados a partir de R$ 5 (para comerciários) até R$ 20 (público em geral).