*Este artigo foi motivado a partir das discussões sobre a literatura em Passo Fundo iniciadas em um debate da Feira do Livro e que ganharam continuidade nas páginas do Jornal O Nacional.
O que dizer para quem quer ser escritor? Esta pergunta me faço inúmeras vezes e também sou obrigado a responder outras tantas vezes.
Certa vez, um escritor conhecidíssimo do Rio Grande do Sul me disse: Tu nunca serás um escritor! Exatamente assim: definitivo! Pouco tempo depois, recebi o Troféu Josué Guimarães, no II Concurso Literário da Jornada de Passo Fundo, com 3 contos, e apenas seis meses após, ganhei o primeiro prêmio do Concurso Nacional de Contos Prêmio Paraná, com o livro “O paraíso é no céu de sua boca”. Então, o escritor consagrado me chamou novamente, pediu desculpas e me contou de um outro elogio que recebera sobre os meus contos. Continuamos amigos.
O que dizer, pois, para quem quer publicar?
O que sempre pergunto é: Queres publicar ou ser escritor?
Embora pareça, não é a mesma coisa. Conheço dezenas de escritores no RS, na Capital ou no interior, que publicam apenas pela vaidade. Desses, me afasto imediatamente e até os desestimulo a publicarem comigo.
Mas se me respondem que querem ser escritor, de verdade, então os levo muito a sério e passamos a trabalhar o texto durante algum tempo.
E se o candidato a escritor é mais vaidoso do que vocacionado, logo acaba desistindo, pois sou um escritor/editor bastante conhecido pela chatice, teimosia e insistência para que o texto fique realmente o melhor que o candidato a escritor consiga produzir.
Vou citar dois autores de Passo Fundo, com quem tive a oportunidade de ser chato à beça: Pablo Morenno e Adelmir Freitas Sciessere.
O Pablo é por demais conhecido e dispensaria a apresentação, não fosse a necessidade de um exemplo local: Hoje, ele tem vários livros e alguns em várias edições, é um autor reconhecido no Estado e fora dele, graças a sua competência, humildade e bondade para com seus leitores. O Adelmir trabalhou seu livro comigo por dois anos, se não por mais tempo. O livro é maravilhoso, encantador, e já foi lido e trabalhado em vários municípios do Estado. Orgulho-me muito desse livro.
Essa é a diferença fundamental: querer ser escritor, pelo ego ou pelo que a escrita realmente representa para o artista, enquanto ser emocional.
Técnicas? Ah, essas a gente aprende quando se tem vocação e humildade.