Seis anos e muita história

Entre música e apoio, a Orquestra Beija Flor completa seis anos de atividades junto ao Lar Emiliano Lopes

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Em 2007, a música passou a fazer parte da rotina das crianças e jovens que encontravam no Lar Emiliano Lopes um pouco de segurança. As oficinas começaram tímidas, fruto da mente de Rodrigo Àvila.  A pouca estrutura motivou a proposta de ensinar música, mas, também, construir o próprio instrumento. Não foi preciso. Entre doações de instrumento e verba as oficinas se transformaram numa pequena orquestra que, agora, comemora seis anos. A festa não poderia ser diferente: no palco, com música.

A ideia de oficinas
A proposta de Rodrigo, que em 2007 já era um músico atuante na cidade, era que, através da música, as crianças e adolescentes que o Lar abriga pudessem encontrar uma forma de socialização. “Primeiro tive a ideia de criar uma oficina de música. Com o início das aulas recebemos instrumentos de doações. A partir disso, fomos em busca. Idealizei o formato de uma pequena orquestra. Comecei dando aula de teoria, de instrumento, e pouco a pouco, instrumentos e verbas foram aparecendo para viabilizar a ideia”, conta. Rodrigo se tornou o maestro dos pequenos talentos que encontrou e, logo, não eram apenas as crianças do Lar que buscavam a música. A própria comunidade procurou saber mais, entender melhor e estar ao lado da Orquestra que tomava forma. “O projeto começou a ter uma proporção muito maior, que eu nem tinha pensado. As crianças adoraram e a comunidade começou a nos procurar As aulas de músicas não foram direcionadas só ao atendimento interno, mas sim, à comunidade que foi ao lar procurar as aulas de musicas”, lembra.

Muito além da ideia
Logo no segundo ano de atividades, a pequena orquestra ganhou o estado e, além dos shows, participou de campanhas contra o uso de drogas. Então, do atendimento aos adolescentes e à comunidade, a Orquestra Beija Flor passou a abrigar, também, músicos profissionais e amadores que enxergaram a oportunidade de explorar a sua arte. Hoje, seis anos depois, o alcance é ainda maior. “Hoje a Orquestra não atende somente crianças e adolescentes. Atende jovens e adultos. De pequena se transformou em médio porte e abraça tanto o Lar quanto a comunidade. A abrangência social é enorme”, explica o maestro que lembra, também, daqueles que usaram a música como base para uma vida melhor. “A gente vê meninos que saíram dali e hoje tem sua profissão, sua família e que na sua trajetória de vida a música marcou, de alguma forma - na questão da disciplina, da ordem, do norte, para saber para onde iriam.”

Toda a capacidade que o projeto da Orquestra tem para colocar, lado a lado, crianças, adolescentes e adultos e fazer com que cada um, com o seu talento, se transforme em um único som - ainda que repleto de nuances - e fazer, também, com que toda a inter-relação proporcionada pela música motive o crescimento e o convívio social faz com que Rodrigo esqueça o título de Orquestra e chame o projeto de família.  “Tudo isso dignifica e faz com que o projeto seja, hoje, chamado, Família Beija Flor”.

 Olhos no futuro
E a família vai mudar. Rodrigo comenta que o concerto em comemoração aos seis anos da Orquestra - que acontece no próximo dia 18, quarta-feira, às 20h, na Igreja Evangélica Assembléia de Deus - será um marco na trajetória do projeto. “A partir desse concerto passamos para uma nova etapa que nos aproxima mais de uma qualificação dos músicos. O objetivo é que ano que vem possamos embarcar em um projeto cultural que nos torne mais qualificados através do crescimento técnico da Orquestra”, comenta. Hoje, a Orquestra conta com dois professores, Lídia Rodrigues e Willian Baesso, o maestro Rodrigo Àvila e Wagner Nascimento que é maestro adjunto. A ideia do projeto cultural é que possam ser remunerados cerca de 12 professores que seriam divididos por instrumento proporcionando, assim, que o aluno tenha a possibilidade de se exercitar individualmente. A proposta é que o conhecimento e o crescimento técnico se amplifiquem. “É um concerto que é, na verdade, um novo caminho”, ressalta.

Além da própria Orquestra, participam do concerto músicos de diferentes orquestras da região.  “A Orquestra Beija Flor hoje é um grande núcleo agregador de gente”, caracteriza Rodrigo. Toda a proposta pensada para a Orquestra possibilita diferentes contatos pelo estado e pelo país. Em 2014, embarcam para Porto Alegre, Santa Maria e Florianópolis. Mas não pára por aí. Em janeiro de 2015, a Orquestra Beija Flor viaja para a Argentina e, por lá, faz concertos em duas províncias.

Aos dez anos de idade, a mais nova integrante da Orquestra, vê a vida de muita gente passar diante dos olhos. Vê, também, a transformação que, pouco a pouco, toma conta dos acordes e das melodias que por ali são entoados. Não há limite - de idade, de talento, de capacidade. Os 38 musicistas percebem somente o caminho a ser seguido. O lema usado, “de desassistidos a assistidos e aplaudidos”, não se encaixaria melhor.

 

Concerto em comemoração aos 6 anos da Orquestra Beija Flor
18 de dezembro, quarta-feira
20h
Igreja Evangélica Assembléia de Deus

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