Coluna: "Questão de Tempo" é emocionante

Por Fábio Rockenbach

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Seria muito simplista falar de “Questão de Tempo”, em cartaz em Passo Fundo, reduzindo os tributos do filme à um currículo do  diretor Richard Curtis, mas é difícil resistir à tentação. O britânico roteirizou Quatro Casamentos e um Funeral e dirigiu Um lugar chamado Notting Hill. Gosto muito mais do segundo filme, mas o que mais marcou foi, mesmo, o filme que está nos cinemas agora. Para começar, “Questão de Tempo” é vítima dos departamentos comerciais que traçam estratégias baseadas no gosto popular para divulgar seus filmes. É uma história de amor, sim, e dessa forma está sendo vendido, mas não é assim que ele pode emocionar o público. É engraçadinho, não se prende a questões de lógica para falar de viagem no tempo,  concentra suas energias, aparentemente, para ser tolo e romântico na medida certa.

E é justamente quando o público começa a estranhar a velocidade dessa história de amor que ele percebe que, no fundo, o filme vai além da falar sobre um romance entre um homem e uma mulher. Ele fala, sobretudo, sobre o amor entre pai e filho. E é aí que ele emociona até o talo. Curtis aprendeu que as emoções mais sinceras do público são aquelas que surgem espontaneamente, e não paridas a fórceps – e ganha pontos por não se preocupar em mostrar cada gesto, cada ato e cada momento dessa história. O público preenche as lacunas no desenrolar do roteiro. E a história absurda dos homens de uma família que, ao fazerem 21 anos, “ganham” o dom de voltar no tempo, deixa de ser uma desculpa para as idas e vindas de um jovem simpático buscando a garota dos seus sonhos, e se torna a história de um jovem pai redescobrindo que tudo o que ele é e tudo o que ele pretende que seus filhos sejam se baseia no amor dele para com o próprio pai. Os norte-americanos deveriam aprender a fazer comédias leves com os britânicos.

Simples, e emocionante.

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Curiosa a “homenagem” feita pelo fraco diretor Peter Segal a Stallone e Robert DeNiro em “Ajuste de Contas”, que tem estreia nacional neste final de semana no centro do país. Ambos interpretam lutadores de boxe. A homenagem a Stallone é óbvia, uma ligação direta com um papel tão icônico como foi Rocky Balboa. Já DeNiro recupera a ligação com Jack LaMota, personagem da obra-prima “Touro Indomável”, de Scorsese, papel que lhe rendeu um Oscar em 1980. Os dois são ex-boxeadores aposentados que querem voltar a se enfrentar nos ringues. Obviamente, há uma mulher no meio da história, mas se no cinema de fórmulas prontas dos estúdios não houvesse diretores-operários como Segal com velhas ideias, algo estaria errado. Não espere muito, mas deve ser divertido ver Stallone contra DeNiro no ringue.

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Ninfomaníaca, de Lars Von Trier, também tem estreia hoje em todo o Brasil.
E como com a maior parte dos filmes do embusteiro diretor, não tenho a mínima vontade de ver.

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