Os primeiros meses do ano são, para a indústria cinematográfica, um amontoado de ansiedade e espera. Entre o Globo de Ouro, primeira premiação da temporada, e o Oscar, a mais importante da categoria, há muito a concorrer. Nomes podem ser gravados na história, atuações podem ser lembradas por mais tempo do que a duração do longa e roteiros tem a possibilidade de se tornar eternos. Tudo, no entanto, são apenas possibilidades. As certezas são desenhadas vagarosamente e depois de muitas apostas.
Apostar. É isso que, nessa edição, o Segundo Caderno se propõe a fazer. Depois de um Globo de Ouro, no último domingo com prêmios distribuídos, na quinta-feira, 16, o ator Chris Hemsworth e a presidente da Academia de Hollywood, Cheryl Boone Isaacs, anunciam os indicados ao Oscar 2014. Liderando a disputa, Trapaça e Gravidade estão na briga por dez estatuetas. 12 Anos de Escravidão, logo atrás, disputa 9 estatuetas. A cerimônia de entrega da 86ª edição acontece no dia 2 de março, em Los Angeles. Por enquanto o momento é de lançar as fichas.
A estatueta mais pesada, Melhor Filme
A briga, por aqui, está feia. Concorrem 12 Anos de Escravidão, Gravidade, Trapaça, Capitão Phillips, Clube de compras Dallas, Ela, Nebraska, Philomena e O lobo de Wall Street. O que o Segundo acha? Três nomes, no meio destes todos, se destacam.
Trapaça, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme Musical ou de Comédia, foi indicado em todas as categorias principais. O filme é bom e a aposta nele é justificada: com Jennifer Lawrence, uma das maiores estrelas de Hollywood da atualidade, o longa traz um elenco carregado e é a nova produção de David O. Russell, que também concorre como Melhor Diretor. O filme é ambientado nos anos 70 e reconta a história real do caso Abscam, um escândalo de corrupção envolvendo o FBI. Vale lembrar que, no ano passado, Argo, o vencedor da categoria, também contou uma história real.
Gravidade, de Alfonso Cuarón, se passa na órbita da Terra e traz uma abordagem mais reflexiva e tensa sobre a vida de dois astronautas. Quando foi lançado, o mundo parou. Melhor: o mundo correu para o cinema. O novo ponta de vista é um ensaio sobre a solidão, sobre a intensidade e sobre o autocontrole. Se não levar os prêmios principais, nas categorias técnicas, Gravidade vai liderar a premiação.
Além de Trapaça e Gravidade, um forte candidato ao prêmio é 12 Anos de Escravidão que é o queridinho da crítica e o vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme de Drama. Nas Bolsas de Apostas do Reino Unido o longa está na liderança pelo prêmio. Venceu no Critics Choise Awards e é o favorito em grande partes dos sites de apostas. O longa de Steve McQueen conta a história, também real, de Solomon Northup, um escravo liberto que é sequestrado em 1841 e forçado por um proprietário de escravos a trabalhar em uma plantação na região de Louisiana, nos Estados Unidos. Ele é resgatado apenas doze anos mais tarde, por um advogado.
Ainda que a Academia seja conservadora e não entregue a estatueta a filmes com temas polêmicos, 12 anos de Escravidão pode mudar essa história.
Atuações de ouro
Além de disputar o título de Melhor Filme do ano, Trapaça aposta em Christian Bale para melhor ator; Amy Adams para melhor atriz; Bradley Cooper para ator coadjuvante; e Jennifer Lawrence para atriz coadjuvante. Do quarteto, a única certeza é Lawrence: vencedora do Globo de Ouro, ela foi sucesso de críticas e, certamente, sairá da premiação com o segundo Oscar da carreira na mão.
Na categoria de Melhor Atriz, Amy Adams, vencedora do Globo de Ouro pela categoria de musical ou comédia, deve brigar com Sandra Bullock, de Gravidade, e Cate Blanchett, de Blue Jasmine, que levou o Globo de Ouro por atuação dramática. Além delas, concorrem, também, Judi Dench, de Philomena e Meryl Streep, de Álbum de família – nome a se considerar já que se ela levar a estatueta serão, ao todo, quatro estatuetas na prateleira.
Na parte masculina da disputa, não há um favorito muito a frente dos outros. Surpreendentemente, Tom Hanks, de Capitão Phillips não foi nem indicado. A estatueta fica, então, entre Chiwetel Ejiofor, de 12 Anos de Escravidão, Matthew McConaughey, de Clube de Compras Dallas e vencedor do Globo de Ouro na categoria drama, e Leonardo DiCaprio, de O Lobo de Wall Street e também vencedor do Globo de Ouro, só que na categoria comédia. DiCaprio, que carrega um amontoado de indicações, é capaz de levar, desta vez, o próprio Oscar.
Se Jared Leto, de O Clube de Compras Dallas, não levar a estatueta de Melhor Ator Coadjuvante, o prêmio sobra para Jonah Hill por O Lobo de Wall Street. Ainda assim, todas as apostas se centram em Leto.
Direção premiada
Disputa acirrada e que segue as indicações de Melhor Filme. Alfonso Cuarón, de Gravidade, Martin Scorsese, de O lobo de Wall Street, Steve McQueen, de 12 anos de escravidão, Alexander Payne, de Nebraska e David O. Russell, de Trapaça.
No Globo de Ouro deu Cuarón e a crítica está ao lado dele com elogios como “o seu trabalho é um assombro” ou, ainda, “o que ele fez é fantástico”. Se ele ganhar, será a primeira estatueta da América Latina entre as principais categorias. Ainda que concorra com Scorsese - um dos melhores – Cuáron fez opções mais acertadas e as fichas do Segundo estão todas com ele.
Aqui vale um adendo: Blue Jasmine, o melhor de Woody Allen nos últimos anos, não está entro os nome indicados a Melhor Filme. E o pior: o diretor nem chegou perto das indicações de melhor direção. Como assim? O Segundo ainda não entendeu.
Diversão premiada
Outra categoria que sempre gera ansiedade é a de melhor animação. Num ano onde Os Croods e Meu Malvado Favorito ganharam força e lotaram os cinemas, o Oscar é de Frozen – que arrebatou a indústria cinematográfica ao trazer cenários congelados. A animação já é o segundo maior sucesso da Disney e fica atrás, apenas, de Rei Leão. A história pode ser tradicional, mas o mergulho no visual é inevitável.