Coluna: Princesas sem príncipes

Por Pablo Morenno

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O casamento de Kate com Willian provocou um rebuliço na Inglaterra. Algumas solteironas e outras mocinhas, cansadas de esperar seu príncipe encantado, fizeram um abaixo assinado para que os sábios do reino explicassem por que esta espécime tornou-se tão rara, demora para chegar, ou nunca aparece.

Foi mais ou menos assim que surgiu The Rosie Project. Um estudo sobre a espera do príncipe encantado. Coisa para inglês ver. Mas coisa séria, como os ingleses. Dizem que a próxima etapa da pesquisa será sobre a quantidade de cavalos brancos do reino e como aumentar sua reprodução.

O estudo começou com uma pesquisa com 2 mil mulheres no Reino Unido para ser a base de um livro que narra justamente a procura pela pessoa da sua vida. Segundo o estudo, publicado neste ano, antes de achar o príncipe encantado – literalmente-, no caso da Kate, ou de forma figurada, como para a maioria das moças do planeta, será necessário beijar ao menos quinze homens.
Até ouvir um relincho, um galope, e ver um moço maravilhoso juntá-la do chão desmaiada, as estatísticas mostraram o que acontecerá com você minha querida princesa: terá dois relacionamentos longos; irá a sete encontros marcados espontaneamente, dois com rapazes indicados por amigas e mais dois com gente que conheceu na internet; destes encontros, quatro você vai considerar que foram completos desastres; vai morar com alguém uma vez; terá quatro daqueles encontros de uma noite só, com direito a sexo, sem nunca mais encontrar o cara; colecionará sete parceiros sexuais; irá se apaixonar duas vezes; trairá e será traída pelo menos uma vez.

Não está fácil ser princesa nestes tempos. “Frozen - Uma aventura congelante”, da Disney, (quem tiver uma pequena princesa ou um príncipe deve aproveitar a desculpa e ir assistir com ela ou ele) mostra que o estereótipo está mudando. Isso já começou com Shrek onde os príncipes e as princesas tradicionais são ridicularizados.

Sem querer contar toda a história, gostaria de ressaltar dois aspectos. Um é quando, depois de ficar reclusa no palácio pelo poder incontrolável da criogênese, Elsa, a princesa primogênita, sai à luz no dia da coroação como soberana de Arendelle. Com luvas, claro. Mas algo inesperado acontece. Sua irmã Anna aparece no meio da festa para lhe apresentar um príncipe encantado e seu belo cavalo, que acabou de conhecer. O príncipe tinha vindo de um país distante para a festa de coroação. Elsa tenta lhe convencer que as coisas não são assim, que é impossível um amor à primeira vista. Mas Anna insiste, e sua crença no desejo inconsciente será causa de muitos problemas para ela e para o povo. Esse príncipe, o único que aparece no filme, é desastrado e ambicioso, longe do paradigma clássico dos contos de fadas.

Outra constatação é que, em toda a história, jamais Elsa se envolve afetivamente com o sexo oposto. Nem príncipes, nem plebeus. Não tem amigos homens, nunca namora, e mesmo depois de uma jornada quase interminável e desastrosa para controlar seu poder de nascença, torna-se uma rainha solteirona. O mais curioso é que os súditos não estranham, não questionam, não perguntam. E Anna, a irmã, acabará feliz com um rapaz das montanhas sem cavalo branco, mas com um alce medroso.

A solteirice de Elsa, num clássico da Disney, - onde “felizes para sempre” era um final imprescindível - aponta mudanças no mundo feminino. Embora ainda esperando o príncipe, a maioria das mulheres destes tempos vão fazendo história, construindo carreira, deixando que o príncipe as procure. Para as mulheres, ou para os homens, o amor para toda a vida pode demorar ou, quem sabe, nunca aparecer. Será que um amor para toda a vida é realmente necessário para a felicidade?

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