Ao passar pela porta, o cheiro da reforma indica a mudança. Em meio a prédios, uma casa. Além do concreto, uma ideia, um ideal, um sonho. A proposta da Dia Indústria da Arte é transformar uma casa em uma Escola de Atores. Está funcionando: em reformas, o número da Rua Uruguai irá abrir as portas no final de fevereiro.
Assim que a Dia Indústria da Arte surgiu, há quatro anos, o sonho de uma Escola de Atores surgiu junto. “Estávamos nos preparando para esse momento”, conta Iussen Seelig. Ele, ao lado de Felipe Lemos, é o responsável pelo sonho que começou a tomar forma nos últimos dois anos. “Pinçamos alguns conceitos das escolas do Rio de Janeiro e São Paulo e há dois anos paramos para começar a concretizar isso”, explica. Ideia na mente, o que faltava era o espaço. O importante, na busca por ele, era achar uma estrutura que desse vazão às ideias.
De forma básica, a ideia é que em cada cômodo um pouco da arte encontre espaço para se desenvolver. “Não é uma casa de espetáculos. O objetivo é que seja um espaço para fomentar o amador e que seja, também, um espaço para ensaio dos grupos”, explica Felipe. O projeto da Escola de Atores é ousado: dar estrutura para que o ator se desenvolva e cresça dentro das suas potencialidades. Os investimentos são direcionados para as áreas de TV e vídeo, interpretação, musicalidade para atores, dança. Além disso, a casa conta com um palco italiano e espaço para mini espetáculos; camarim com espaço para oficinas de maquiagem e, ainda, no primeiro semestre, no espaço externo da casa será montada uma estrutura para ensaio da arte circense com tecidos e trapézio.
Mas não é só isso: ao lado da casa, um pequeno corredor vai abrigar um espaço para café, lanches e livros. Cada cômodo montado com o equipamento e estruturas necessários para acomodar alunos, oficineiro, proposta de aula e vontade de aprender e ensinar. Iussen e Felipe deixam claro que o foco é fortalecer o teatro de Passo Fundo e da região. A casa não será uma opção de entretenimento, mas de desenvolvimento da cultura e, especificamente, voltada para atores amadores. “Às vezes o amador é melhor que o profissional porque existe amor. Não estamos dizendo que não queremos dinheiro para sobreviver. Precisamos, é fato. Mas o amador, se não existir, não existe teatro”, destaca Felipe.
Subjetivamente, a ideia é que a própria sociedade aprenda a diferenciar as várias vertentes do teatro e veja, na Escola de Atores, uma proposta para desenvolver um talento ou uma vocação. Para os atores, a Escola será uma espécie de lar. Para quem ainda sonha com a arte, será uma oportunidade. “Era preciso ter um espaço que possibilitasse um primeiro contato com a arte. Nem todo mundo que estuda teatro vai ser um ator profissional. Nem todo mundo que estuda música vai ser um musicista profissional. Mas o primeiro passo é preciso e, aqui, eles vão ter um espaço adequado para dar o seu melhor”, explica Iussen.
Depois do contato, o objetivo é que o talento se fortaleça. “De todos que vão passar por aqui, alguns vão se profissionalizar. Outros nem querem isso. E para quem quiser, nós vamos dar todo o suporte necessário e levar para testes se for preciso. Mas é preciso querer e mostrar que pode ser bom naquilo que se propôs”, explanou Iussen. Além de atuar nos bairros, a Dia Indústria da Arte tem uma gama de alunos que abrange toda a cidade. A proposta é que, lado a lado, todos possam se ajudar e valorizar o teatro de forma igual.