Ele tinha apenas 19 anos quando o clássico “Robocop — O policial do futuro” ganhou as telas. Na época, o clássico futurista do holandês Paul Verhoeven gerou a curiosidade não só de José Padinha, mas como de todo o mundo. A história era ousada, inovadora e uma proposta realmente interessante: fazer uma crítica política através da ficção científica. Hoje, 27 anos depois, a história volta ao cinema. Dessa vez, na visão daquele que na época, tinha apenas 19 anos.
Orçado em US$ 140 milhões, o Robocop de 2014 é uma releitura do clássico, adptado às novas tecnologias que a realidade apresenta. O longa é, também, a estreia do diretor brasileiro José Padilha - de Tropa de Elite - em Hollywood. O foco é o mesmo: criticar a passividade da população frente a corrupção explorando a perigosa parceria entre a tecnologia e a indústria bélica americana. Padilha chegou com o pé direito: levou, consigo, uma equipe de colaboradores brasileiros, escolheu, pessoalmente, o ator principal - o sueco Joel Kinnaman, da série de TV “The killing” - e o roteirista - o estreante Joshua Zetumer -. Quanto ao resultado, ele dividiu as críticas.
O longa estreou semana passado nos Estados Unidos, em meio a nevascas e ao clima romântico do Dia dos Namorados do país. Ainda assim, faturou US$ 21 milhões, ficando em terceiro lugar na bilheteria do fim de semana e em outros territórios, arrecadou mais de US$ 70 milhões. A crítica especializade não está bem decidida: há quem diga que Padilha foi pesado demais - como em Tropa de Elite - e há quem diga que o Robocop de 2014 é uma homenagem ao de 1987. Em entrevista, o diretor se defendeu bem: “Eu já esperava ataques ao “Robocop”. Primeiro, porque há um rejeição a remakes; em geral, eles são pensados para ganhar dinheiro, não têm proposta filosófica ou política. Segundo, porque o exercício da crítica passa pela comparação. E as duas produções são radicalmente diferentes, cada uma fruto da época em que foi feita”, comentou.
De fato, o Robocop de Padilha é diferente do de Verhoeven. Dessa vez, o policial Alex Murphy, um pai de família dedicado e um exemplo de cidadão, fica seriamente ferido em serviço. Com o corpo reconstruído, Murphy se transforma em Robocop, um ciborgue destinado a trabalhar para o conglomerado multinacional OmniCorp. José Padilha recria o conto do policial herói que é meio homem e meio máquina e consegue, ao mesmo tempo, se colocar distante do clássico. O certo é que Robocop consegue transportar do clássico aquilo que era importante e colocá-lo numa realidade completamente diferente e inesperada. O resultado? Você pode escolher que lado da crítica concordar, mas não pode fugir: o conceito do filme é tão poderoso quanto inteligente.