Quando a lona se instala no Parque da Gare, a população já sabe. É hora de encontrar culturas e identidades diferentes daquelas que vemos pelas ruas da cidade. Ali, encrustada na terra, a lona viaja pelo mundo e busca, em cada parte do mundo, um pouco de música, cultura e diversidade. Não é preciso muito para definir o Festival Internacional de Folclore. Uma música, talvez. Ou, melhor, a música: “Dentro dele é pura emoção. Raças se unindo, preconceitos se partindo, cantando é que a paz tem salvação!”
Buscando o multicolorido das Américas, a tradição da Europa, a inquietude do Oriente e o aconchego de quem é do lar, o XII Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo, acontece em agosto - de 15 a 23 - e tem a promoção da Prefeitura Municipal de Passo Fundo e CIOFF, com a apresentação do Ministério da Cultura e o patrocínio de inúmeras empresas privadas e do Município. A não realização da edição, em 2010, fomentou vontades e desejos de uma qualificação do festival e, através do voluntariado, de apoio e patrocínio, a última edição, em 2012, foi um impulso para que a cidade voltasse a andar de mãos dadas com o evento e, em 2014, com apoio e incentivo a edição se encaminha para as últimas confirmações dos grupos.
Não há quem more em Passo Fundo ou na região e que não conheça ou nunca tenha visto o palco do Festival. Mas, ainda assim, a cada nova edição, quando a luz se apaga e a voz de um gaúcho se espalha pela lona a emoção é a mesma do primeiro encontro com o palco. No palco todas as bandeiras se agitam. As cores e formas se confundem tamanha a diversidade dos rostos e dos traços. E as impressões de quem assiste vão além do que é mostrado no palco, ultrapassam o aspecto cultural instalado a quilômetros de distância de Passo Fundo, mas que faz questão de passear por aqui durante essa semana. E o público aplaude. Sempre aplaude.
E vai aplaudir, de novo, quando 15 grupos estrangeiros, 5 nacionais e 60 do Rio Grande do Sul preencherem as noites de agosto. O tema central deste ano é a promoção da paz através da lembrança dos 100 anos da I Guerra Mundial. “O objetivo principal dos festivais é promover a paz entre os povos através do culto às suas raízes”, destaca Paulo Dutra, Presidente do XII Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo. Ecoando a voz de Paulo, a música – sempre ela – é capaz de traduzir, também, o objetivo do Festival “...cantando é que a paz tem salvação... que troquem armas por flores”. E entre flores, bandeiras e vozes, o Festival é capaz de, sempre, quebrar uma rotina de notícias tristes. Saias coloridas, dragão, cangaceiros e mulheres com enormes tranças. Independente de onde venham, o que façam e o que apresentam, o sorriso no rosto de quem assiste ou os encontra a cada fim de apresentação, confirma: o evento nasceu para tirar o povo passo-fundense da rotina e transportá-lo para um momento mágico.
Ainda que Passo Fundo acolha o Festival, ainda não é suficiente. Sempre é uma luta colocar a lona no Parque da Gare e trazer o mundo para Passo Fundo. “A maior dificuldade sempre foi conseguir todos os patrocínios necessários para o evento, mas teremos o apoio da Prefeitura para conseguirmos os recursos necessários e, quanto a organização, o grupo de voluntários do festival é coeso e trabalha com conhecimento de causa”, destaca Paulo. A organização dos voluntários é o diferencial do Festival: no último Congresso Mundial do CIOFF, no México, o grupo e a cidade foram elogiados pela organização e empenho no trabalho. Os 160 voluntários agradecem.
Sendo pensado desde o início do ano passado, o Festival começa a aparecer e a tomar forma agora, no início do ano. “A manutenção do festival é importantíssima para Passo Fundo região, pois é o evento mais popular e democrático que temos, possibilita a participação de todas as camadas sociais, intelectuais, culturais, é o momento onde se vê todos juntos, com o mesmo objetivo: conhecer novas culturas, viver a cultura”, completa Paulo. O Segundo Caderno não ficará de fora da festa: acompanhe nos finais de semana e conheça mais sobre os grupos que, pouco a pouco, confirmam presença em um palco que é capaz de ignorar idiomas diferentes e abismos culturais em prol do compartilhamento de experiências e vivências.