O oscar de ator e ator coadjuvante acabou ficando em boas mãos na cerimônia de domingo. Matthew McCounaughey e Jared Leto estão assombrosos em “Clube de Compras Dallas”. Estava por escrever que, principalmente, Leto entrega uma performance quase visceral, mas o personagem de McConaughey tem tantas camadas e pequenas nuances que os méritos do ator vão muito além dos muitos quilos que ele emagreceu para interpretar o cowboy homofóbico e aidético que lhe deu o Oscar.
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Também nos prêmios femininos, justiça total. A personagem de Cate Blanchett em “Blue Jasmine”, igualmente, é de uma construção complexa, e a atriz – que tem tudo para ser uma nova Meryl Streep – consegue transmitir ao público os sentimentos contraditórios dessa espécie de Blanche Dubois do século XXI apenas pelo olhar. Ela faz valer o filme de Woody Allen. Já Lupita Nyong’o foi um dos mais comemorados prêmios dados a um ator ou atriz nos últimos tempos. A reação da plateia comemorando o prêmio por “12 anos de escravidão” comprovou que a torcida coletiva era por ela, até pelo significado que a personagem tem no contexto geral – poucas personagens sofreram tanto numa tela de cinema.
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A propósito, quem não souber quem é Blanche Dubois, veja “Uma Rua Chamada Pecado”, de Elia Kazan, baseado na obra de Tenessee Williams.
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Alguém tinha alguma dúvida do vencedor do Oscar de melhor filme quando Will Smith entrou no palco carregando o envelope, antes da revelação?
FALANDO EM SÉRIES
Está em ritmo lento – muito lento – a segunda metade da temporada de The Walking Dead (como comentei lá no recomeço, o temor era que cada episódio se concentrasse em um dos grupos desgarrados criados na série e o ritmo diminuísse). Para compensar, o History Channel estreou, no final de semana passado, a segunda temporada de Vikings, série que se baseia na vida de Ragnar Lotbrok – lendário líder viking – para criar uma trama que busca unir ação e fidelidade histórica. Os conflitos típicos de dramas contemporâneos imperam, porém apimentados pela ação. A série surpreendeu no primeiro ano e voltou com tudo.
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De outro nível, também, é House of Cards, do Netflix, que também liberou a segunda temporada em fevereiro. A série pertence a Kevin Spacey – um dos produtores e ator principal. Se o tema parece chato – a ascensão ao poder de um congressista americano que passa por cima de todos usando a política – a dinâmica, o roteiro e a narrativa da série estão longe de serem aborrecidos: ela é viciante. Spacey conversa com a plateia ao longo dos episódios, quebrando a quarta parede entre TV e espectador, e nos transforma em cúmplices de seus jogos de poder e manipulação nos corredores da casa branca. Spacey merece ganhar prêmios pelo que faz em tela – só espero que não seja relegado ao esquecimento, como foram John Noble (o Walter de “Fringe”) e como está sendo James Spader, que está espetacular em “Blacklist”, uma das melhores séries novas da temporada.
Coluna: Falando em Oscar
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