Coluna: Tal pai, tal filho

Por Pablo Morenno

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Emerson visitava seu pai no Presídio Central e hoje recebe a visita de sua filha. Ficha policial: homicida.

João Carlos não conheceu o pai e hoje tem uma filha que só viu algumas vezes. Ficha policial: punguista.

Valdemar, que não teve pai em casa na infância, tem um filho, de quem sabe apenas o primeiro nome. Ficha policial: assaltante.
Paulo Filho, conviveu com o pai político famoso, teve vida de mauricinho às custas de fraudes em licitações, e superfaturamento de obras públicas. Com o dinheiro amarfanhado pela família, financia sua campanha para prefeito. Com certeza, prosseguirá honrada história da família.

Três jovens internados na Fase – Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado, que abriga menores infratores, e um jovem que dificilmente seja internado, ou apresionado, alertam para um problema endêmico da criminalidade de regata ou de colarinho branco. Histórias copiadas em filhos, que plagiaram a vida dos pais e dos avós, quiçá de seus netos e bisnetos. Os pesquisadores chamam de “ciclo inter-geracional da violência”.

Não foi apenas Freud quem descobriu a estruturação da personalidade através das relações de afeto com a mãe e o pai. As igrejas e os governos também. O que nem Freud explica é a razão por que ambas as instituições não se entendem na hora de propostas efetivas para família e natalidade. Enquanto discutem métodos e princípios, a multiplicação dos filhos, - e dos cidadãos expostos à miséria, à violência e à roubalheira pública desses descententes – se agiganta à velocidade da luz.
Somos solidários e responsáveis uns pelos outros no mundo.

Embora não tenhamos nada a ver com os filhos dos outros, como seres solidários, compartilhamos os erros e acertos de todos. Sem nos perguntar, os filhos dos outros nos assaltam, nos matam, se apossam de verbas para construção de escolas e hospitais.
Ter filho não poderia ser apenas uma decisão dos pais. Ninguém poderia, só porque tem um aparelho reprodutor, nascer com o direito de usá-lo como lhe der na telha.

Deveria, o Estado intervir mais na paternidade/materninade responsável. Quase como se faz hoje para quem pretende adotar.Conforme as condições econômicas, emocionais, éticas ou morais, o Estado, ou da comunidade, autorizaria o casal a ter um ou mais filhos. E claro, o amor e a ética, deveriam ser pontuados acima da capacidade econômica. O casal que se mostrasse mais amoroso e ético, embora pobre, teria o auxílio financeiro da comunidade ou do Estado para gerar mais filhos.

Como o homem não é um produto matemático, não posso garantir que esses filhos não se tornariam desumanos. Contudo, filhos de pais amorosos, equilibrados e éticos, uma vez que presenteados com o melhor da humanidade, tornando-se corruptos ou criminosos, seriam punidos - além da pena de prisão - com o castigo de não deixar descendentes. Os filhos da minha teoria, pelo menos, nasceriam sem nenhum direito a desculpas do tipo: meu pai foi bandido, eu não tive escolhas, ou; meu pai era corrupto, segui seu caminho.

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