Dois viajantes prestes a embarcar ficam presos na sala de imigração de um aeroporto e são impedidos de seguir viagem. Ambos são obrigados a esperar em um saguão - numa espécie de limbo desconhecido. Cada um, dentro das suas possibilidades, tenta se instalar e criar um espaço de acordo com a sua personalidade apenas com o que resta dentro das malas. Ali, aguardam a decisão para que sigam ou não a viagem marcada. Sem outra alternativa, aproximam-se e vêem no outro semelhanças e diferenças que resultam em brigas e, quem sabe, num encontro de individualidades.
A história de dois viajantes obrigados a conviver é a trama central do espetáculo Homens de Solas de Vento, que estará no Teatro do Sesc na próxima terça-feira. Em 60 minutos, o público se depara com uma história real, mas carregada de imaginação e criatividade. Poderia ser você preso em um aeroporto. Poderia ser um europeu. Um latino ou um americano. E, em qualquer uma das alternativas, a tensão do momento seria a linha principal da relação que acabaria de começar. No palco, o ser humano é exposto e os sentimentos ganham um espaço grande na cena. Ao misturar circo, teatro e comédia, Homens de Solas de Vento é uma história sobre a multiplicidade das linguagens.
O tema escolhido para a montagem - a viagem - aliado a dança e ao uso da linguagem circense é recorrente para a Cia Solas de Vento. Alem de Homens de Solas de Vento, a Cia. Tem em seu currículo “Os Perdidos” e “A Volta ao Mundo em 80 Dias” - ambos com a mesma temática, mas abordagens diferentes. Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, os atores da peça, estrearam na última quarta-feira, 19, em Porto Velho e, através do projeto Palco Giratório, irão percorrer todo o país até dezembro. Sob direção de Rodrigo Matheus a dupla conta a história dos dois personagens sem o uso da palavra, mas com apoio do circo, da dança e da gesticulação.
Ainda que opte pela comédia, Homens de Solas de Vento invade os pensamentos além do riso. Aeroporto é um lugar de chegadas e de partidas. Por ele, histórias passam, se transformam e ganham novo sentido. Mas, para onde voar? Num universo onde a tecnologia amplia as possibilidades de contato, fronteiras físicas parecem distanciar cada vez mais países e pessoas. O espetáculo não mostra, apenas, a saga de dois personagens em busca de um lugar num avião, mas o processo de identificação a partir da obrigatoriedade da convivência.
Homens de Solas de Vento
25 de março, terça-feira, 20 h
Teatro Sesc
Entrada franca mediante retirada antecipada de senhas