Timbre apresenta poesia

Espetáculo infantil volta ao passado e questiona: no meio de tantas brincadeiras, qual o espaço da tecnologia?

Por
· 2 min de leitura
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Uma boneca de pano, um carrinho de madeira e cinco almofadinhas, batizadas de Maria. Bambolê, patins, skate. Pé no chão, mão no barro, corpo em cima de uma árvore. No fim da tarde, o grito da mãe chama para dentro de casa. Nostalgia.

Nostalgia, sim, porque a cena descrita acima pouco se vê hoje. Há quem percebe o cenário e o transforma em um palco. No início do mês passado, o grupo Timbre de Galo anunciou um novo espetáculo. Voltado para crianças, mas sem esquecer dos adultos que as acompanham na plateia, “Um Lugar de Fantasia, Timbre Conta Poesia abordou as novas plataformas tecnológicas - seja o computador ou o videogame - como o principal motivo para que a intimidade infantil tenha se perdido ao longo do tempo. Por mais que pareça, não é um protesto contra a tecnologia, não é. É um alerta contra o excesso e uma reflexão sobre o uso.

Na apresentação única, no mês passado, a plateia ficou lotada, os comentários pediam bis. A história de quatro crianças em busca de uma outra, perdida no universo tecnológico, encantou e, nesse final de semana, será novamente apresentada ao público. Em cena, Aninha, Malu, Bartô e Joca acreditam que a vida não está dentro da tela ou nos botões de um controle. Está, ainda, nas brincadeiras que exigem do corpo e da mente o contato com o outro. Juntos, sobem no palco e convidam o público para viver a aventura de resgatar um amigo perdido no universo da tecnologia. A busca pela essência de Betinho, um adulto preso no corpo de uma criança, é o que norteia o espetáculo do Grupo Timbre de Galo. Os quatro amigos decidem descobrir o porquê de Betinho não se entregar as brincadeiras e preferir ficar em casa, a frente de um computador. Insatisfeitos, tentam, através de brincadeiras e lembranças, reviver a infância dentro do amigo.

Com poesia e música, Um Lugar de Fantasia, Timbre Conta Poesia traz o retrato de uma infância que, pouco a pouco, se perde em meio a tanta tecnologia. O texto do espetáculo é de Flavio Guerrico e foi escrito em 1994, época em que os primeiros vídeo-games surgiam e atraiam a atenção das crianças. Crianças, essas, que cresceram e, hoje, adultos carregam nas mãos um smartphone e, dentro dele, a vida. A proposta do Timbre é pensar sobre isso.

Dirigido por Guedes Betho, o mesmo de O Bilhete, o espetáculo conta com a atuação de Edimar Rezende, Mara Cavalheiro, Rodrigo Vilanova, Elenice Deon e Fábio Eduardo. Com referências nordestinas, a parte musical é de responsabilidade de Rafael Terres e Guilherme Souza. Além disso, o cenário é todo construído em cima das lembranças e dos brinquedos e a peça foi pensada para ser apresentada em lugares alternativos - se desenvolve bem no palco - lugar onde, nos últimos espetáculos, o Timbre tem mostrado estar em casa - e, também, na rua - característica original do grupo.

Um Lugar de Fantasia, Timbre Conta Poesia
Timbre de Galo
12 de abril, 16h
Ingressos no local: R$ 20,00 inteiro - R$ 10,00 meia entrada - R$ 5,00 para comerciários

Gostou? Compartilhe