Manias e compulsões

Espetáculo teatral do Grupo Teatro de Anônimo explora os vícios da sociedade. ?EURoeInaptos? A que se destinam?EUR? é na terça-feira!

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Diante de um plástico-bolha, as mãos não resistem. Logo se jogam numa luta compulsória contra o material. Enquanto não se acabam as bolhas, não se acaba a luta. A mesma luta acontece na vida daqueles que, de uma forma ou outra, dependem da tecnologia. Instagram, Twitter, Facebook. Como viver sem ferramentas que nos dizem onde os outros estão, o que sentem, o que vêem e o que pensam? Na mesma linha de vício, mania ou compulsão há aqueles que não hesitem em devorar um pacote de chicle em dois minutos. Em diferentes intensidades, formas ou áreas, o ser humano é repleto de manias. O Teatro de Anônimo decidiu explorar isso.

Num final de semana com diferentes possibilidades de se encontrar com o teatro, o Grupo Teatro de Anônimo escolhe a atmosfera lúdica e fantástica para apresentar o espetáculo circense "Inaptos? A que se destinam", no Teatro do Sesc, na próxima terça-feira, 29. A peça aborda os vícios, manias e perversões da sociedade. Desde a unanimidade do plástico-bolha aos loucos por cirurgias plásticas e substâncias químicas; sem esquecer, é claro, dos viciados em games, televisão e os fanáticos por religião. O espetáculo conversa com a realidade sem julgamentos morais encarando as esquisitices do homem como um direito inalienável de todo o ser.

Em cumplicidade com o crânio Yorick, os palhaços João Carlos Artigos (Seu Flor), Fábio Freitas (Prego) e Shirley Britto (Buscapé) costuram intensas histórias de personagens que levam suas ações às últimas conseqüências. Vida, morte, felicidade, alegria, reflexão, sonho, desejo são partes de uma mesma moeda. O jogo e a brincadeira, sem julgamentos morais, constituem uma narrativa que não se apoia na fala: a palavra se torna apenas um complemento para as ações físicas e a interpretação do ator busca o riso da plateia. O espetáculo apresenta, através de cenário e narrativa, uma lógica fantástica - característica intrínseca do jogo dos palhaços. 

A peça, dirigida por Adriana Schneider, foi produzida como marca dos 25 anos da trajetória do Teatro de Anônimo, dedicada ao universo da comicidade. Pela primeira vez o grupo encarou o desafio de produzir uma montagem que não parte da criação de números e nem de um texto dramatúrgico. A pesquisa iniciou a partir da análise do texto "Vícios não são crimes", de Lysander Spooner, um clássico do libertarismo, escrito em 1875. Um livro de análise sócio política do vício na sociedade contemporânea: um tema que é, na realidade, muito profundo e que ganha leveza ao ser abordado pela lógica do palhaço. Em cena, um ser intenso, generoso, sem moral, que não mede esforços em busca do prazer e da felicidade de ser incompleto, torna-se o retrato de uma sociedade real e repleta de vícios. 

Espetáculo Teatral
Inaptos? ... a que se destinam...
29 de abril, 20h
Teatro do Sesc
Entrada franca mediante retirada de senhas antecipada

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