Em busca de um limite

Onde o Diabo Perdeu as Botas, peça apresentada nesse final de semana em Passo Fundo, questiona os limites de fé e ciência com uma história intensa e um texto forte

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Quais valores éticos devem prevalecer quando a questão é de sobrevivência? Quais valores humanos devem prevalecer quando o sentimento de humanidade tem como símbolo um  cavalo? Dois homens completamente diferentes tentando entender e modificar os desígnios da vida através de realidades opostas é o mote principal do espetáculo Onde o Diabo Perdeu as Botas, do Núcleo Rindo A Toa, montado, pela primeira vez, em 2007 e apresentado nesse final de semana em Passo Fundo.

 

Em cena, uma endemia que ataca animais numa região rural, obriga um cansado e veterano veterinário - Dr. Pedrosa, um cético, realista e urbano; símbolo da razão e da ciência - a se aventurar pelo interior, em lugares quase perdidos da civilização, procurando animais domésticos para sacrificá-los como ação de saúde pública. No meio de uma peregrinação, encontra um casebre perdido no meio do nada. Lá, mora um homem simples e humilde - Jesualdo, o típico homem do interior que se alimenta da imaginação, da fé e da emoção. Jesualdo resiste em permitir que seu amado cavalo, Seterelâmpago, seja sacrificado. Do impasse surge a negociação e dela a discordância: de um lado, um veterinário que busca a morte de um cavalo; do outro um homem de fé que acredita que a vida é mais que simplesmente uma doença.

Além da simples questão que envolve matar ou não matar o animal que serve ao homem, os dois personagens se veem diante de diferenças culturais, valores pessoais e compreensão de mundo. Uma trama clássica, inspirada em Guimarães Rosa, onde o conflito nasce das dificuldades de comunicação - mais espiritual que de palavra. A peça é forte, intensa e carregada de emoções. Para Marcio Meneghell, eu atua ao lado de Edson Bueno, a disciplina foi essencial para a construção da peça: “Aos poucos veio o texto e junto com ele começamos a mergulhar nesse universo que existe, porém, para nós que somos urbanos, é totalmente desconhecido. Estudamos a linguagem e como expressá-la de forma compreensível por ser singular. O texto nos exigiu muita disciplina e afinco pois não dá margem para o improviso, para os diálogos que estamos acostumados a falar e ouvir. Foi difícil e complexo, porém compensador”, destaca.

De fato, toda a peça é um desafio já que o texto contrapõe duas ideias e discute ciência e religião em um mesmo palco. Onde o Diabo  perdeu as botas traz Edson Bueno como roteirista, diretor e ator - ao lado de Marcio - e será apresentado no Teatro do Sesc, nesse sábado, às 20h.

Onde o Diabo Perdeu as Botas
Teatro do Sesc
3 de maio, 20h
Inteira: R$ 30,00 - Meia: R$ 15,00 para estudantes e melhor idade

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