Na tela, a reprodução de imagens feitas ao longo de 1957. Ali, o cotidiano do comércio, a rotina das praças, o movimento das ruas. A cada cena, o retrato de uma cidade que, pouco a pouco, crescia e acolhia tanto as novas construções quanto a instalação de fábricas. O documentário Centenário de Passo Fundo, produzido por Pedro Couto, é parte da história da cidade e ficou esquecido e sem divulgação durante muito tempo. Agora, em função do aniversário do Instituto Histórico de Passo Fundo e do Arquivo Histórico Regional, a obra, restaurada por Lindolfo Kurtz, será exibida na próxima quarta-feira, 14, na Academia de Medicina de Passo Fundo
O cronograma de comemoração do IHPF e do AHR, que vem sendo executado desde o fim de março, abrangem diferentes temáticas e propostas e, justamente por isso, o documentário se encaixa como um resgate da história da cidade. A coordenadora do Arquivo Histórico e professora da Universidade de Passo Fundo, Gizele Zanotto, destaca que o documentário se encaixa como registro histórico: “O vídeo-documentário foi elencado como um dos recursos inéditos e relevantes a ser debatido nessa programação. Acreditamos na sua relevância como vetor de memórias e como registro histórico e assim empreendemos esta projeção e debate confiantes de que esta ação é extremamente valorosa para toda a comunidade e para os agentes e a própria história da cidade”, explica.
A intenção e expectativa das entidades é que o público possa observar a própria cidade crescendo. “Considerando que as imagens foram feitas ao longo de 1957, captando o cotidiano, o comércio, as construções, as fábricas, os grupos culturais e midiáticos, etc., o documentário tem auxilia os passo-fundenses de hoje a observar a historicidade da conformação de sua cidade”, comenta a coordenadora. Ao lado disso, Gizele destaca, também, a importância da preservação da obra. “Temos como proposta divulgar a obra que pode muito bem ser considerada como um material raro - visto sua singularidade e pouca difusão”, destaca. Depois da restauração realizada por Lindolfo Kurtz, a UPFTV ficou responsável por tornar o vídeo digital e o Arquivo Histórico Regional agora o mantém em seu acervo. “Também visamos instigar a população para a importância do conhecimento e da reflexão sobre a memória e a história citadina, ainda carentes de maiores estudos em várias questões e que tem ainda muita riqueza a ser explorada, daí a importância de instigar o debate após a projeção”, justifica.
Em 1957 Passo Fundo iniciava se processo de desenvolvimento econômico e demográfico. Caminhava rumo à modernização e isso refletia na vida cotidiana e familiar. “Passo Fundo já apresentava e defendia o status de cidade pólo regional, situação que se consolidou e mesmo ampliou ao longo do tempo”, ressalta Gizele. Ao lado do desenvolvimento, a sociedade mantinha-se vinculada a eventos sociais de destaque; buscava os clubes, os grupos teatrais, os cinemas. Pouco a pouco a modernização da cidade foi modificando a forma de conviver e de explorar a cidade. “O que se vê como grande marca do documentário narrado por Kurtz é justamente esse momento especial e profícuo de uma cidade desejosa e sedenta de progresso – um progresso que nem sempre “respeitou” a memória e a história plural, heterogênea e rica da cidade e de sua população”, salienta.
Além da exibição da obra, a programação envolve os comentários do próprio Lindolfo Kurtz e, ainda, Alberi Ribeiro, Paulo Giongo, Pedro Ari Verissimo da Fonseca e Marília Mattos. “Pensando em instigar memórias com o vídeo, optou-se por elencar comentadores que vivenciaram aquele ano festivo e que recordam do processo por que Passo Fundo passou em seu centenário”, justifica a escolha. Ao lado deles, na busca de possibilitar uma abordagem reflexiva sobre a história e a memória, o prof. Dr. João Carlos Tedesco (PPGH/UPF) também estará nas discussões, responsável por articular as questões propostas no vídeo como vetores de memória e instrumentos do fazer historiográfico.
O documentário será reproduzido no dia 14, quarta-feira, a partir das 19h30, na Academia de Medicina.