Quando o oitavo mês do ano se aproxima, a curiosidade parece chegar agarrada a ele. Passo Fundo ama o Festival Internacional de Folclore e anseia por ele. O sentimento é recíproco. Um espera corresponder o outro: a cidade se doa, se abre e acolhe o evento que, por sua vez, deseja superar a última edição. Nessa busca, a cidade se questiona o que virá pela frente, o que o palco abrigará, quem a encantará desta vez. Antes de os países e grupos nacionais apresentarem um pouco de sua cultura no palco do Festival, esse mesmo palco abriga o que a cidade quer oferecer primeiro: a coreografia de abertura do evento, apresentada em todas as noites, funciona como uma espécie de abrir de portas.
Depois do fim da edição de 2012, Paulo Dutra – o homem que não para e é, de fato, um sinônimo do Festival – já tinha em mente a edição deste ano. De início pensou na coreografia que abriria o evento e cada noite dele. Chamou novamente Rodrigo Vilanova. Coreógrafo desde 1996, Vilanova nasceu no tradicionalismo e desde então desenvolve o seu trabalho entre os CTG’s e o teatro. Ao lado dele, Raquel Pereira e Jorge Rios, da Baillar Centro de Danças, são os responsáveis pelos 15 minutos iniciais do XII Festival Internacional de Folclore.
E se o objetivo do Festival é celebrar a paz mundial, eles correspondem. “Estamos preparando uma grande celebração da paz mundial. Rememorando os 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, a coreografia de abertura se baseia numa ideia de que podemos, sim, transformar bombas em flores, tristezas em alegrias e guerras em paz. Queremos tocar e conscientizar as pessoas de que é possível vivermos em um mundo melhor, mais tolerante, mais humano”, explica Vilanova que adiciona, também, que a coreografia é o primeiro passo do evento: “Como anfitriões, acredito que estamos dando o pontapé inicial nessa manifestação popular, com seriedade, graça, harmonia e dança. Muita dança. É claro que a magia teatral está incluída de uma forma sutil, porém não menos bem representada”.
Os bailarinos foram selecionados ainda em maio. Além de Vilanova, Raquel, Mário Pereira, Jorge Rios e a bailarina e professora uruguaia, Rossana Borghetti, foram os responsáveis por definir o corpo de voluntários. Desde lá, os ensaios acontecem de uma a duas vezes por semana e com mais intensidade nessa última semana. Ao todo, a coreografia será realizada por 35 bailarinos.
Dominiki Ceolin, estudante de Arquitetura e Urbanismo da UPF é uma das voluntárias. Apaixonada por dança, ela acompanha o Festival desde pequena e vê, agora, uma oportunidade de estar mais perto do evento. “O Festival sempre me encantou, sonhava em poder ajudar de alguma forma. Como amo a dança, e sempre admirei muito as aberturas do Festival, não pensei duas vezes em ir fazer o teste”, conta. Na última edição, Dominiki teve a oportunidade de dançar em uma das noites do Festival, mas essa é a primeira vez que estará presente na abertura. “A emoção é muito grande, assim como a responsabilidade. O Festival tem tradição, é conhecido e bem conceituado, e acredito que o público cria expectativa de como vai ser, e queremos poder superar essa expectativa. Poder pisar no palco do festival, representando nossa cidade e nossa cultura para diversos países e poder dividir o palco com tantos bons bailarinos, tanto brasileiros como estrangeiros é indescritível”, comenta.
No que diz respeito a coreografia, em si, a bailarina espera que a cidade sinta toda a energia de cada passo. O que foi montado parece ser uma ode a esperança: “Serão duas coreografias opostas, que mexem muito com o sentimento, com o coração, com o que há de pior, e com o que há de melhor nas pessoas, e que devemos sim acreditar e esperar o que há de melhor e mais belo em todos, e que é esse o sentimento que deve prevalecer”, conclui.