Por trás da camiseta laranja

Ao todo, o XII Festival Internacional de Folclore soma 160 voluntários que durante uma semana deixam de lado a sua vida para viver o evento

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Quem os vê correndo por aí com uma mochila nas costas, um crachá no peito e um sorriso no rosto não imagina que debaixo da camiseta laranja existe um corpo cansado. Os voluntários da XII edição do Festival Internacional de Folclore podem ate dormir pouco, correr de um lado a outro da cidade e dobrar turnos de trabalho. Ainda assim, a cada despedida anseiam por um novo Festival, por um novo grupo para acompanhar, por uma nova forma de ajudar fazer acontecer o evento que celebra a cultura.

Neste ano, são 160 pessoas que se voluntariam no início do ano e, desde lá, se revezam no trabalho diário para que a partir da noite de hoje a comunidade passo-fundense viaje pelo mundo através de um palco. Aline Pacheco, coordenadora dos guias desta edição, é professora de inglês na UPF Idiomas e é voluntária desde 2006. São oito anos e muita história para contar.

Do contato com uma cultura até então desconhecida a amizades consolidadas, a amizade entre voluntários e grupos surge em meio aos momentos intensos da semana do Festival. “É uma oportunidade ímpar tanto culturalmente quanto na questão da língua, além das amizades... Eu tenho amigos de outros Festivais. Fui guia da Suíça e fui convidada para o casamento de um deles. É uma amizade pra vida. É um contato humano que temos. Conhecemos pessoas de culturas muito diversificadas. Mostramos um pouco da nossa cultura e conhecemos a cultura deles. O objetivo do festival e pregar a paz mundial e essa interação toda só faz Passo Fundo ganhar. Todo mundo se mobiliza e fica contente”, comenta Aline.

Passo Fundo muda com o Festival. Primeiro a Gare, depois a Moron e logo a cidade toda se transforma. A vida dos voluntários está no meio dessa mudança. “Mudou muita coisa na minha vida. Linguisticamente o Festival me ajuda muito. Nessa edição temos a África do Sul que fala o inglês britânico, então para mim é uma oportunidade de ter contato com outro sotaque. Passo Fundo tem muito a ganhar com o Festival. Acredito que é uma oportunidade de conviver com uma cultura diferente é ímpar”, explicita a coordenadora. E é justamente essa oportunidade que faz os voluntários aguardarem dois anos para, novamente, interagir com os grupos e encarar uma semana sem descanso.

E apesar de todo o cansaço, o trabalho do voluntário, para ela, é essencial para que o Festival aconteça.  “Somos em 160 pessoas que se dividem em 18 comissões organizadas. É muita dedicação”, explica. A cada nova edição são abertas novas vagas para o Festival. O principal requisito é a disponibilidade para acompanhar o evento durante toda a semana; uma segunda língua ajuda na hora da seleção, mas não é obrigatório. E, por sorte divina, a cada nova edição os voluntários parecem se multiplicar. Além daqueles de primeira viagem, o Festival anda de mãos dadas com quem o acolhe há muito tempo. É o caso de Rodrigo Schemkel, voluntário desde a primeira edição do evento.

Há 22 anos, Rodrigo acompanhou pela primeira vez um grupo do Festival. Hoje, 12 edições depois, confirma que é um trabalho que compensa. “É um trabalho gratificante e ao mesmo tempo cansativo. É gratificante porque a gente tem muito contato com outras culturas, pessoas que usualmente não encontramos em Passo Fundo e essa troca de experiências é muito interessante. Por outro lado, como o evento é concentrado em dez dias, são dez dias que se dorme muito pouco e que se descansa muito pouco”, analisa. 

Apesar disso, Rodrigo acredita que sem os voluntários pouca coisa aconteceria. “O Festival tem recursos limitados e se o trabalho de 160 voluntários fosse pago não seria possível realizar o Festival”. Rodrigo já participou de outros festivais pelo mundo e comenta que, por aqui, a diferença é notável: “Eu já participei de outros festivais no exterior onde o pessoal era contratado. E nada se compara a dedicação de quem é voluntário pela causa da cultura. O amor que se dedica a causa é bem maior aqui do que eu vi em qualquer lugar no mundo”, conta.

A equipe de voluntários se dedica ao evento não somente durante a sua realização, mas também em sua preparação, ao longo do ano todo. São encontros semanais que explicitam todas as atividades do Festival para que cada voluntário saiba corresponder a qualquer demanda do público. Mergulhados no Festival, eles parecer ser incansáveis. Se assim se sentem, são bons em camuflagem: por traz do sorriso, só é possível perceber a alegria em estar no meio da festa da cultura. 

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