Felicidade foi-se embora

Se estivesse vivo, Lupicínio Rodrigues completaria 100 anos na próxima terça-feira

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Quando morreu, Lupicínio Rodrigues parece ter aberto as portas para que a felicidade de quem o admirava fosse embora e deixasse em seu lugar uma saudade que insiste em fazer morada. Fez da sua vida a inspiração para canções que até hoje são consideradas verdadeiras obras da música brasileira. Na próxima terça-feira, 16, o gaúcho de Porto Alegre completaria 100 anos se estivesse vivo. O compositor faleceu em na cidade em que nasceu, aos 59 anos, com problemas no coração. As melodias e acordas que entoou, no entanto, permanecem vivas.

Lupicínio nasceu na Cidade Baixa e fez de Porto Alegre seu berço e seu recanto. E, lá, se dedicou, desde cedo, a marchinhas de carnaval e samba e fazia dos seus sentimentos a sua inspiração. Se entregou à vida e à música: cada nova melodia era carregada de intensidade e, constantemente, de melancolia por um amor que se perdeu. Seus relacionamentos davam certo por pouco tempo e as mesas de bar tornaram-se companheiras. Foi a partir delas que o compositor inventou o termo “dor-de-cotovelo” se referindo àqueles que, como ele, cravavam os cotovelos em um balcão ou mesa de bar, pediam um uísque duplo, e choravam pela perda da pessoa amada. Para Lupicínio Rodrigues, amor e mágoa andavam de mãos dadas.

Lupicínio se entregou a boêmia desde cedo: entre bebidas e serenatas, aos 14 anos compôs Carnaval, sua primeira música. O sucesso veio mais tarde, em 1938, com Se Acaso Você Chegasse que revelou, também, a voz de Ciro Monteiro. Dali em diante, diferentes vozes entoaram os sucessos de Lupicínio: Francisco Alves com Nervos de Aço; Orlando Silva com Brasa; o conjunto Quitandinha Serenaders com Felicidade - que lhe rendeu projeção nacional -; Linda Batista com Vingança, talvez o maior sucesso do compositor. A paixão pelo Grêmio o motivou a unir futebol e música quando, em 1953, compôs o hino do time, cantado com orgulho ainda hoje nos estádios de futebol.

Com voz macia e temperamento calmo, Lupi deixou músicas que foram regravadas e músicas que esperam o seu resgate. Escreveu aquilo que viveu, da forma que viveu: despreocupado, sem compromisso comercial, vivendo a experiência de ser aquilo que se quer no lugar que se quer, sem ver o tempo passar, mas registrando, em forma de musica, cada novo passo.

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