"Por favor, fique..."

Se Eu Ficar, adaptação do livro de Gayle Forman, fala de vida, amor e entrega na tentativa de fugir do clichê de melodrama adolescente

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A última coisa de que Mia se lembra é a música. Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais, mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera e Adam, o garoto que ama, luta para ficar perto dela. Nas próximas 24 horas, Mia precisa fazer um passeio pelo seu passado para compreender o que aconteceu antes do acidente e fazer a escolha mais difícil de sua vida: aos 17 anos, Mia precisa escolher entre deixar de lutar para sobreviver ou agarrar-se com todas as forças à esperança que todos depositam na sua recuperação.

Uma vida que muda

“Não é incrível como a vida é uma coisa e, então, de repente, se torna outra?” A questão, que vem da voz de Mia é o mote central do longa que chega aos cinemas de Passo Fundo nessa quinta-feira. Se Eu Ficar é a adaptação do best-seller de Gayle Forman e desde as primeiras informações do diretor R.J. Cutler, a promessa é de que o longa iria além do clichê – já muito batido nas telas de cinema – de um melodrama adolescente o que, de fato, é verdade. Mas, ainda que as escolhas do longa apontem um novo caminho para o gênero, esse é só o primeiro – e pequeno - passo.

Mia Hall é interpretada por uma Chlöe Grace Moretz que consegue transparecer toda a angústia, ansiedade e insegurança da personagem de Forman. Na história, Mia é uma musicista que vê no violoncelo uma paixão tão intensa quanto o sentimento que nutre por Adam, vivido por Jamie Blackley. A história explora a dúvida de Mia entre a dedicação integral à carreira na famosa escola Julliard e aquele que tem tudo para ser o grande amor de sua vida. As dúvidas e as respostas para a questão ficam de lado quando, ao lado dos pais e do irmão mais novo, Mia sofre um acidente de carro. A garota fica à beira da morte, entra em coma, perde os pais e o irmão. Enquanto seu corpo está inconsciente, na cama do hospital, Mia consegue pensar sobre a sua vida, enxergar o cenário a sua volta, pensar sobre o futuro que pode ter, caso sobreviva, e, no meio de tudo isso, precisa decidir se escolhe sair ou não do coma.

A intensidade da história

A verdade é que o longa tem uma boa história nas mãos: ao optar por falar de vida, morte, amor e família, Se Eu Ficar é muito mais prático e real do que vampiros, lobisomens ou sociedades distópicas. Poderia, por isso, ser um filme pesado, tenso e totalmente dramático. Mas não: os personagens que envolvem Mia dão a leveza necessária para que a obra emocione e, ao mesmo tempo, divirta. Blackley parece ter nascido rockeiro e dá a Adam a vivacidade que o personagem do livro pede e junto a Chlöe uma química que é inegável. Os pais, também rockeiros, vividos por Joshua Leonard e Mireille Enos são divertidos, animados e  um retrato muito bonito do companheirismo. Além deles, a melhor amiga de Mia, Kim - Liana Liberato –, é a responsável por colocar peso nas decisões – que por vezes parecem imaturas e mimadas - que Mia faz. E talvez esteja no avô da personagem, responsabilidade de Stacy Keach, a interpretação de uma das cenas mais bonitas, emocionantes e intensas do livro e do filme.

Vale o ingresso!

Quem leu o livro, perceberá diferenças marcantes. A narrativa das páginas passeia entre o presente e o passado de uma forma natural, através das lembranças de Mia. Colocar isso em cena, na tela, se tornou complicado e precisou da ajuda de uma narração que, por vezes, não dá continuidade entre uma história e outra. Nada que prejudique o resultado final. O que vale ressaltar, no fim das contas, é que Se Eu Ficar é mais concreto que os típicos filmes adolescentes. O que muda é que o “típico” é deixado para trás. Um conselho? Assista. Se não pela história, pela trilha sonora e pelas referências musicais que são inquestionáveis.

Se Eu Ficar está em cartaz no Bella Città, dublado, às 17h, 19h10 e 21h20. Assista o trailer!  

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