No meio do asfalto, nasce um corredor de livros. Ainda que pequeno, acolhe. Ainda que finito, parece não encontrar um limite. Entre um templo sagrado e uma praça, um corredor que mais parece uma alavanca para o desenvolvimento de uma cidade que abriga cada vez mais leitores. No meio do asfalto, nasce a 28ª Feira do Livro de Passo Fundo. Buscando compreender como acontece e se desenvolve a leitura entre as gerações, essa edição do evento traz nomes importantes do cenário da literatura: o Patrono Juremir Machado da Silva, jornalista e escritor; a Educadora Emérita Tânia Rösing, coordenadora das Jornadas Literárias e a Amiga do Livro Cantinho da Leitura da ONG Agentes do Amor Divino. Na última sexta-feira, 31, o corredor se encheu de vida para que, finalmente, a Feira do Livro pudesse começar.
Entre o apreço pela história e o incentivo da literatura
Quando uma nova Feira do Livro se anuncia, a curiosidade do passo-fundense se intensifica: que rosto terá essa edição? Pois é certo que cada Feira tem o rosto do Patrono que a acompanha. 2014, não tenha dúvidas, é o ano em que a Feira do Livro se volta para o passado para explicar o presente e tentar, ingenuamente, traçar passos de um futuro incerto. 2014 é o ano em a Feira se volta para as diferentes maneiras de incentivar a leitura e fazer dos livros um apoio.
Vê-se isso pela abertura: enquanto Tânia Rösing fez um discurso inflamado e mesclou o agradecimento pela homenagem com a necessidade de se fazer mais, Juremir Machado, o apaixonado pela arte de historiar, trouxe histórias da sua infância para justificar o gosto pelas letras – sejam elas escritas no quadro negro de uma sala de aula ou nas páginas impressas de um jornal. Ao lado deles, Milton Menezes, presidente da ONG Agentes do Amor Divino, a cidade volte seus olhos para aqueles que não tem o hábito de ler e que precisam de um estímulo constante para que os livros possam, enfim, fazer parte de uma rotina.
E o incentivo pode acontecer de diferentes maneiras: o Prefeito Luciano Azevedo, na abertura da Feira do Livro do ano passado lançou o Programa Cheque Livro, da Prefeitura de Passo Fundo. Agora, nesta edição, traz o resultado: o Programa já oportunizou que 800 professores da rede pública municipal aderissem ao programa, com a compra de cerca 1.500 livros de diversos autores e gêneros até o momento. O cheque livro proporciona ao professor municipal o direito de gastar em livros, por conta do município, até R$ 50 a cada quatro meses, sendo ressarcido pela prefeitura.
15%
A Feira do Livro é a oportunidade de leitores encontrarem escritores, de escritores se aproximarem do público, de artistas mostrarem aquilo que fazem e de a cidade dar uma pausa na rotina tribulada e voltar sua atenção para a leitura. É a oportunidade, também, de encontrar livros mais baratos do que o preço normal: como de costume, todas as livrarias oferecem os tradicionais 15% de descontos em qualquer livro. Descontos acima dessa porcentagem variam de acordo com cada loja. Vale lembrar que todas elas possuem as seções de saldos e promoções e que no sebo é possível encontrar livros com preços significativos. Por falta de incentivo – ou de desconto – você não precisará ficar sem livro. Basta procurar.
Sobre tradições
Nem só de descontos a Feira é feita. É feita, também de tradições: quando não é intenso calor é a chuva que acompanha o evento. Em 2014, ao que tudo indica, serão os dois já que a previsão permanece sendo de chuva e clima abafado. Mas o clima, na realidade, pouco importa. Quando o incentivo acontece, seja pela Prefeitura Municipal, pelas Jornadas Literárias, pelas Feiras do Livro ou pelas famílias que insistem em abrir livros, a resposta acontece. Prova disso é que, apesar tempo instável de todo o final de semana, a cidade se voltou para a Feira do Livro e participou da programação de sábado e domingo.
Do teatro apresentado pelo Grupo Ritornelo, na tarde de sábado, às apresentações artísticas de domingo, muito aconteceu: No fim da tarde de sábado, o tema que move a 28ª edição do evento ganhou o palco em um debate que reuniu os professores Ilmar Siviero, Lia Mara Wilbelinger, Agostinho Both e o jornalista Ivaldino Tasca. Depois deles, a música ganhou o palco com a apresentação de Fingerstyle de Jonathas Ferreira. Depois de Jonathas, o Patrono ganhou o palco e a cidade.