Segunda-feira de calor intenso, crianças em busca de histórias e livros passeando de mão em mão. A programação da Feira do Livro, durante a semana, envolve, essencialmente, as escolas da cidade que vão até a Praça em busca de proximidade com a literatura. Além das atividades paralelas que envolvem exposições de artes e cartuns, o palco do evento, na manhã e tarde de ontem, abrigou apresentações artísticas de dança e música e, também, uma professora capaz de prender a atenção de uma plateia heterogênea com um amontoado de histórias.
Tá valendo até no chão
As histórias, por sinal, são o que movimentam a Feira. Seja no palco, nas estantes ou no chão (foto ao lado), o que não falta são atrativos para os olhares de quem tem o mínimo anseio pelas páginas. Para os adultos, histórias densas e romances profundos; para os pequenos, desenhos, cores e dobraduras. A Feira das Gerações parece atingir seu objetivo. Não há como definir um público alvo ou, quem sabe, um público dominante. Ao observar um dos estandes dos livreiros é possível perceber, no mesmo espaço, leitores de diferentes idades, gostos e crenças. Em comum apenas uma coisa: o anseio por um novo abrir de páginas.
Mundo que se abre
No palco durante a manhã e, também, durante a tarde, Gladis Pedersen de Oliveira, professora há mais de 40 anos e há quase 50 envolvida com a literatura, foi capaz de absorver olhares e atenção. Sua fala foi feita de quatro histórias e cada uma delas abordou, através de personagens lúdicos, aspectos da vida de uma criança e de um adulto. Gladis falou sobre raiva, perdão, amizade e incentivou a literatura e o estudo. Usou de fábulas para chegar até os pequenos e de agradecimentos para chegar até os professores. “Uma salva de palmas para os professores que tem um lindo trabalho pela frente e que fazem isso durante todos os dias”, pediu ao fim.
Autora do livro “A Literatura e a Magia da Arte de Contar Histórias”, Gladis foca seu trabalho na educação de pequenos leitores e na importância da contação de histórias para o incentivo pela literatura. “A criança percebe que o livro é mágica, que as páginas tem vida, mistérios e surpresa. Os livros instigam. É importantíssimo que a criança desde a mais tenra idade ouça histórias”, explica.
A história contada ou lida é, segundo Gladis, uma alavanca da imaginação e da inteligência. “A imaginação e a inteligência são construídas a partir das reflexões que são feitas em cima da história. Quando a criança ouve a história, se identifica com o personagem. Ela interage com os personagens e educa suas emoções básicas. A criança que é estimulada desde cedo se auto alfabetiza e busca dominar o código da leitura”, comenta.
No livro, que foi construído durante seis anos, Gladis aborda aspectos técnicos e educacionais da contação de histórias e comenta, também, que a interação que nasce a partir do ato é essencial para a formação da criança. “Falamos sobre os elementos que podemos usar. A voz é essencial e é capaz de passar um mundo rico para a criança. Há uma interação entre adulto e criança e é possível que a criança perceba nas entrelinhas da história o adulto que está dedicado a ela. A obra mostra toda a trajetória de se trabalhar a importância da literatura na educação. Quando um adulto para para contar uma história é um momento tão rico, é um mundo que está passando”, acredita.
Em um mundo onde computador, tablets e celulares competem fortemente com a literatura, Gladis defende as páginas e acredita na contação de histórias como uma forma de chegar mais rápido aos pequenos leitores. “Hoje a gente sabe que ensinar, com a contação de histórias, é ter uma resposta mais rápida. É preciso desenvolver a habilidade de ouvir”, finaliza.
Programação
Amanhã é dia de o palco receber, às 9h30 e às 14h30, Sérgio Nap para um bate-papo sobre o livro Ana K e, também, sobre a sua experiência como escritor e leitor. Além dele, acontecem apresentações artísticas pela manhã e pela tarde, além de contação de histórias com Paulinho Silva a partir das 10h30. Na parte da tarde, às 15h30 o Projeto Educar Cultura nas Estradas apresenta o espetáculo teatral Vila Monstro e às 17h o Instituto Menino Deus apresenta Ler para Crescer, Mais tarde, às 18h, o Bando e Bandinho de Letras da UPF participa e, depois deles, a banda Jimmy Dog sobe ao palco. Por fim, o debate da noite traz o Projeto Passo Fundo uma Mesa Redonda sobre Maria Paquena, a primeira santa passo-fundense. E, também, com o apoio do Sesc e da Coleurb, o estande do Jornal O Nacional apresenta horários de contação de histórias para crianças.