A constelação de Green

O autor de A Culpa é das Estrelas, John Green, conquistou seu espaço e está no topo da procura dos leitores passo-fundenses

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A cada edição, um novo título ganha destaque entre o corredor de livros e as apostas dos leitores se voltam para ele como numa espécie de reverência. As vendas sobem, a crítica elogia, os leitores se apaixonam. Foi assim em 2012, quando a trilogia Cinquenta Tons arrancou todas as apostas de qualquer um que passasse pela Feira do Livro. A história se repetiu em 2013 quando A Culpa é das Estrelas se sobressaiu de qualquer outro título e foi o preferido da 27º Feira do Livro. Agora, na edição de 2014, não há um título predominante. Há, na verdade, um nome: John Green, autor do livro mais vendido da última edição do evento, conquistou seu espaço nas prateleiras e na vida de leitores. Além de A Culpa é das Estrelas, Quem é você Alasca? e Cidades de Papel foram os livros mais procurados, até o momento, na 28ª Feira do Livro. Não pela história, mas por quem a escreveu.

Quem passou pela Feira do Livro na tarde de quinta-feira, pode até estranhar essa afirmação, já que não haviam mais títulos de John Green expostos. Não haviam, porque se esgotaram e as livrarias aguardam, ansiosas, novas remessas para o final de semana. Com A Culpa é das Estrelas, Green retrata a história de um romance de Hazel e Gus, dois adolescentes que se conhecem - e se apaixonam - em um Grupo de Apoio para Crianças com Câncer. A narrativa virou filme e quebrou recordes de bilheteria. E, agora, Quem é você Alasca? e Cidades de Papel seguem o mesmo caminho: a história de um adolescente, Miles Halter, que conhece uma garota chamada Alasca e a história de um amor platônico que se envolve em uma vingança vão virar filme.

A pretensão do autor de 36 anos é que os livros fossem uma inspiração brutal para a mudança. Mas vale o aviso: A Culpa é das Estrelas não tem um final feliz e os outros títulos não buscam o estilo conto de fadas. Nas páginas você não irá ler romances com finais felizes, mas histórias profundas, densas e, por vezes, melancolicamente doces. Ao que tudo indica, a fórmula de Green parece agradar e o surgimento de qualquer novo título que carregue a sua autoria chega ao topo de vendas nas livrarias em poucos dias.

Além de Green
Nem só de John Green vive a Feira. Martha Medeiros, mais uma vez, é uma das autoras que encontra em Passo Fundo um público fiel. Esse ano, a trilogia que comemora os 20 anos de cronista de Martha, Felicidade Crônica, Paixão Crônica e Liberdade Crônica, faz parte da lista de mais vendidos dos livreiros. Dentro dos autores presentes na Feira, o patrono Juremir Machado e a sua temática voltada para a história também angariou novos leitores.

Literatura e crença
Talvez, o único motivo de John e Martha não venderem mais seja o fato de que há, na Feira do Livro, as livrarias segmentadas e direcionadas para a crença e que nem mesmo comercializam os livros. Nelas, os livros mais procurados são os básicos de cada doutrina. Na Livraria Espírita Antonina Xavier, assim como no ano passado, o Evangelho Segundo o Espiritismo e o Livro dos Espíritos são os títulos mais procurados e que ultrapassam os 200 exemplares vendidos. Já na Seicho-no-ie, logo ao lado, o carro chefe é o Preceitos Diários - vendidos mais de 100 - e que, ao contrário do que possa parecer, não é um calendário, mas uma lista de 31 mensagens diárias. Na Livraria Diocesana, especializada na literatura católica, livros motivacionais como o Ansiedade de Augusto Cury e Superação de Nick Vujicic tem grande saída, mas a Bíblia Sagrada segue sendo a mais vendida em todos os dias da Feira.

Um olhar para o passado
Outra opção, na Feira do Livro, é o Sebo Café. Ainda que sejam oferecidos lançamentos e que, por lá, John Green também esteja em alta os livros de R$5 e R$9 e os saldos são a grande procura do público. Também, os discos, peculiaridade do Sebo Café, são procurados e é o rock quem ganha a disputa.

Entre as crônicas e o romance, há um espaço para todos e a arte de conquistar, de forma silenciosa, quem passa pela Feira do Livro é um desafio. John Green, ao que tudo indica, parece não ter se contentado com as estrelas e oferece, ao público, uma constelação de títulos com potencial para despertar o gosto pela literatura em qualquer idade.

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