Finalmente está acabando. Dez anos depois do fim da última parte da trilogia O Senhor dos Anéis, Peter Jackson retornou à Terra Média e transformou O Hobbit no filme mais esperado de 2012. Em 2013, a espera se repetiu e, agora, essa mesma espera chega ao fim com a estreia, hoje, da última parte da sequência. A Batalha dos Cinco Exércitos encerra uma das histórias mais épicas que os cinemas já abrigaram. O Hobbit, o livro, é, na realidade, o início de tudo. É ali, em meio às páginas de um livro de 1937, que o “precioso” surge pela primeira vez. Acompanhado por anões, trolls e elfos, Bilbo Bolseiro, avô de Frodo, encarna o herói em uma aventura que busca retomar o controle da Terra Média que, há tempos, foi roubado pelo dragão Smaug. No meio do caminho, no entanto, havia um anel. Sim. O mesmo anel que move desde A Sociedade do Anel até O Retorno do Rei. O mesmo anel que Gollum persegue insistentemente. As páginas foram divididas em três partes para ganhar as telas e a estreia da última delas movimenta os cinemas de todo o mundo.
Nos primeiros rumores da adaptação do livro de J. R. R. Tolkien para o cinema, a dúvida surgiu: seria necessário, mesmo, dividir a obra em três partes? Depois de dois filmes, crítica e público quase concordam de que as sequências arrastadas e a busca pela precisão dos detalhes retratados no livro tornou-se desnecessária. Não dá pra negar, no entanto, que o longa inaugurou uma nova era no cinema: o uso do dobro de quadros por segundo. Desde o surgimento do cinema, 24 quadros eram o suficiente para mostrar o necessário e, então, o cérebro humano registrar a cena. Peter Jackson optou pelo uso de 48 quadros e deu o pontapé inicial para a revolução cinematográfica. As cenas tornam-se hiper-realistas, aliadas ao 3D em alta definição e aos efeitos que de tão perfeitos, são hipnóticos. A mágica da mitologia de Tolkien ganhou, finalmente, a realidade. Realidade, essa, que, aliada à história é capaz de encantar. Depois de um “Uma Jornada Inesperada” arrastado, “A Desolação de Smaug” apresentou ao público o dragão que dá nome ao filme e trouxe um longa capaz de gerar expectativa para o próximo passo. Agora, em A Batalha dos Cinco Exércitos, depois de recuperarem toda a fortuna da terra natal, os anões de Erebor precisam enfrentar as consequências de terem libertado o aterrorizante dragão Smaug sobre homens, mulheres e crianças indefesas da Cidade do Lago. A história é, por si só, tensa. A direção acentua o clima e a proximidade de um desfecho de uma história épica garante a ansiedade que permeia todo o longa. Depois de dois filmes contidos no que diz respeito à ação, A Batalha dos Cinco Exércitos recupera toda a lentidão e traz con-frontos intensos, poderosos e cheios de detalhes apoiados nos efeitos especiais que carregam todo o filme. Efeitos esses que garantem a veracidade de Smaug e de todas as outras criaturas que, aqui, aparecem.
E, além de todos os detalhes e efeitos, a crítica destaca, mais uma vez, a entrega de um elenco que – a cada novo filme – parece se apoderar dos personagens. Richard Armitage, como Thorin, e Ian McKellen, como Gandalf, são partes essenciais ao longa e a empatia com o personagem é inegável. Além deles, os carismáticos anões conquistam a oportunidade, agora, de mostrar a intensidade de uma atuação em meio a guerra: não há tanto espaço para o engraçado, já que a tensão toma conta do filme do início ao fim. Mas, contrariando qualquer aposta, quem rouba a cena é Cate Blanchett: apesar de ter apenas uma aparição em todo o longa, a entrega é capaz de surpreender. Ainda que pudesse ter sido enxugada, a trilogia está muito longe de ser um trabalho ruim. Pelo contrário: é rica em detalhes, atuações intensas e em conteúdo. Tudo se encaixa – desde o primeiro de O Hobbit até o último de O Senhor dos Anéis – e se tem a sensação de que tudo, por ali, é verdade. Talvez, de fato, seja.
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