Festival, essa é a nossa bandeira!
Na imensidão de um mapa mundi que, pouco a pouco, parece caber dentro da lona que abriga o palco do Festival Internacional de Folclore, as cores vibrantes se destacam. Vindas de lugares diferentes, com propostas e pensamentos diferentes, são carregadas de identidade, tradição e cultura. A 12ª edição do evento, realizada pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo e CIOFF, com a apresentação do Ministério da Cultura e o patrocínio de inúmeras empresas privadas e do município, mobilizou a cidade e a região de 15 a 23 de agosto e trouxe a palco do evento 11 grupos estrangeiros, três nacionais e 47 do estado. Ao todo, os nove dias de apresentações, contatos e sorrisos movimentaram mais de 122 mil pessoas que, dispostas a buscar o multicolorido das Américas, a tradição da Europa, a inquietude do Oriente e o aconchego de quem é do lar abriram seus olhos e corações para um espetáculo de cor, acolhimento e paz.
Além dos 19 espetáculos no Casarão da Cultura - que envolveram, além do público da noite, as escolas durante a manhã e a tarde - o Festival apresentou 8 desfiles culturais, 14 oficinas de dança, 14 oficinas de conversação, uma Missa Folclórica, 15 espetáculos nos patrocinadores e 8 espetáculos na Praça do Teixeirinha. O evento, que acontece de dois em dois anos, arrecadou – entre bilheteria, patrocínio pela Lei Rouanet, doações sem incentivo, apoio da Prefeitura de Passo Fundo e empréstimo - mais de um milhão de reais. Desses, o Festival consegui Tudo para mostrar um pouco da cultura da Alemanha, Argentina, Cuba, México, Guatemala, Colômbia, África do Sul, Rússia, Honduras, Martinica, Moçambique, Pará e Minas Gerais e relembrar, através dela, os 100 anos da I Guerra Mundial e refletir, nessa lembrança, a necessidade da promoção da paz mundial.
E, ainda que a proposta do Festival seja sempre a mesma, a cada nova edição, quando a luz se apaga e a voz de um gaúcho se espalha pela lona a emoção é a mesma do primeiro encontro com o palco. No palco todas as bandeiras se agitam. As cores e formas se confundem tamanha a diversidade dos rostos e dos traços. E as impressões de quem assiste vão além do que é mostrado no palco, ultrapassam o aspecto cultural instalado a quilômetros de distância de Passo Fundo, mas que faz questão de passear por aqui durante essa semana. E o público aplaude. Sempre aplaude.
Corredor de livros
Não há como contar quantas mil pessoas passaram pelo corredor de livros que formou na Praça Marechal Floriano no início de novembro. Foram cerca de 40 autores, escolas da cidade e da região e 31.150 livros vendidos em dez dias de um evento que chegou a sua 28ª edição. Em novembro de 1986, ela surgiu tímida. Alguns livros, poucas prateleiras, umas duas ou três conversas. De lá pra cá muito aconteceu e hoje a Feira do Livro de Passo Fundo está consolidada e em uma busca constante por melhorias.
O tema de 2014, “A leitura através das gerações”, buscou – de forma prática – possibilitar a interação de diferentes leituras, mas, também, de diferentes pessoas e cenários sociais. Para auxiliar na busca pela compreensão e aprofundamento do tema, a 28ª Feira do Livro contou com a ajuda da professora e coordenadora das Jornadas Literárias, Dra. Tânia Mariza Rösing que recebeu o título de Educadora Emérita e que, na abertura do evento, fez um discurso emocionado e incentivou iniciativas que motivem a leitura e, também, do jornalista, escritor, tradutor e professor Juremir Machado, escolhido como Patrono do evento que, durante a sua fala, foi muito feliz em provocar e instigar a cidade.
O tema da Feira do Livro, que focou a leitura entre as gerações, nunca foi tão bem desenhado quanto na fala do patrono de 2014: sentados lado a lado, adolescentes que acompanham as colunas de Juremir, historiadores inspirados pelos seus livros, jovens jornalistas, apreciadores da literatura e do passado não encontraram barreiras para ouvir o patrono. A fala de Juremir foi e é universal. É, também, atual, crítica e provocante. Olhares atentos, expressões concentradas e mentes inquietas: esse foi o cenário da fala do patrono e, por consequência, da Feira do Livro durante todos os dias do evento.
Do evento ficou, apenas, o questionamento: o que se pode fazer mais pela literatura da cidade?
Que se abram as cortinas!
Nos palcos, 2014 foi frutífero. Passo Fundo é a Capital da Literatura, mas não sobrevive apenas dela. Teatro, por aqui, não falta: o ano se encerra com 16 novos espetáculos oferecidos à cidade e 17 grupos de teatro, seis deles derivados da Dia Indústria da Arte, através da Escola de Atores. Além disso, esquetes, projetos de comédia, performances de dança, contação de histórias, e intervenções culturais que envolveram os grupos que fomentam a arte por aqui também foram realizadas durante o ano e chamaram os olhares da população para o teatro da cidade.
Se a Dia Indústria da Arte inova a forma de pensar Teatro ao abrir as portas de uma Escola de Atores, oferecer 7 edições do bate-papo teatral e mais uma edição da Mostra de Teatro, Grupo Ritornelo de Teatro vai até a praça e propõe que todo o tipo de arte se apresente no Espaço Ritornelo. Para quem estreou espetáculo novo, 2014 se apresentou como desafio: “O ano de 2014 foi importante para o Timbre de Galo. Começamos o ano estreando um novo espetáculo infantil "Um Lugar de Fantasia Timbre Conta Poesia". Foi um ano de renovação e conquista para o Timbre de Galo, de muito trabalho e pesquisa. Renovando as parcerias que viabilizam o trabalho, o que mostra a seriedade, profissionalismo do grupo”, comenta Edimar Rezende ator e pesquisador do grupo. Ao mesmo tempo, quem manteve a temporada de espetáculos anteriores viu no ano a possibilidade de consolidar propostas. O fato é que ninguém parou e o II Passo Fundo em Cena, que aconteceu em agosto e trouxe o trabalho de todos os grupos para o palco do Sesc, é a prova disso.
Além do que é produzido por aqui, muita cultura de fora também chegou: Só no Teatro do Sesc, 113 espetáculos foram apresentados durante o ano. Na música, foram 32 apresentações. Na dança, 12. Também, 52 filmes foram apresentados e 15 intervenções foram feitas nas ruas da cidade.
Além dos palcos do Teatro do Sesc, Passo Fundo conta, hoje, com a sala de espetáculos da Escola de Atores, da Dia Indústria da Arte, e com o projeto de reforma do Teatro Múcio de Castro, previsto para ser entregue no próximo ano. Aliás, para 2015, muita coisa ainda vai acontecer já que em 2014 o Conselho Municipal de Cultura, trabalhou em parceria com a Secretaria de Desporto e Cultura, e juntos lançaram o primeiro edital do Funcultura – cujo resultado será divulgado em janeiro -, realizaram o 1º Seminário de Cultura com o objetivo de capacitar e fomentar a cultura da cidade e, ainda, promoveram as reuniões setoriais que abrangem todas as áreas da cultura na busca por maior apoio e estruturação do Plano Municipal de Cultura.
Entre acordes e melodias
Ele não foi poupado em 2014. Foi usado à exaustão. Carregou pessoas e histórias. Carregou, também, a cultura da cidade: os palcos abrigaram espetáculos de teatro, mas, também abrigaram a música que é produzida por aqui. Quem diria que Passo Fundo, uma cidade tradicionalista incrustada no norte do estado, seria uma espécie de berço para o rock?
No ano em que o Música na Praça completa 100 apresentações em duas edições do evento, o rock ganhou espaço através do Mês do Rock, promovido pelo Sesc, e da Semana do Rock, promovida pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo. Bandas como General BoniMores, Roudini & Os Impostores, Jimmy Dog tiveram a oportunidade de, além de se apresentar pelas praças da cidade, de tocar dentro de um teatro e apresentar ao público uma visão diferente do gênero.
Falando nessas três bandas, a Jimmy Dog lançou, em agosto, o clipe de Tão Longe, durante todo o ano, preparou o disco que vai ser lançado em março. Enquanto isso, a Roudini abriu para a galera o projeto Live Sessions que regravou quatro músicas de Eldorado com uma pegada diferente.
E a General BoniMores, banda que desde o ano passado é parceira do Break Avesso, tomou novos rumos ao conquistar, com Dia Feliz, o Samsung E-Festival, na categoria canção. O resultado proporcionou que a banda tocasse ao lado de Gilberto Gil em palcos do Rio de Janeiro e São Paulo. “O Samsung E-Festival foi uma conquista crucial para que muitas coisas se desenvolvessem e se firmasse na nossa carreira. Ele nos deu mais confiança ainda para continuar nossa caminhada e uma alegria imensa por ver a força que temos junto aos nossos fãs. Também já ampliou um tanto nosso público e nos oportunizou a tocar ao lado de ícones e mestres da música brasileira, o que nos trouxe ainda mais respaldo e credibilidade”, comenta Chico Frandoloso, vocalista. Para a banda, 2014 foi um ano de transição já que passou a ser vista no cenário musical de todo o país. “Não chegamos até aqui sozinhos, chegamos até aqui porque além de um bom trabalho feito pela banda, pudemos contar sempre com o carinho e o apoio de nossos familiares, amigos e fãs”, conclui o vocalista.