Sucesso de bilheteria, Sniper Americano foi além da marca de US$ 500 milhões em bilheteria, superou O Resgate do Soldado Ryan, de Steven Spielberg, vencedor de cinco Oscar, em 1999, e até então o recordista dentre tramas de guerra e se tornou o filme de com maior arrecadação da história do gênero. Dirigido por Clint Eastwood, de Menina de Ouro, o longa foi indicado em seis categorias no Oscar 2015, incluindo a de Melhor Filme e retrata a história real de um soldado que se tornou herói por acumular vítimas na Guerra do Iraque. O filme estreia hoje em Passo Fundo e está em cartaz no Bella Città, às 21h30.
Adaptado do livro autobiográfico homônimo, o filme conta a história real de Chris Kyle, um atirador de elite das forças especiais da marinha americana. Durante cerca de dez anos ele matou mais de 150 pessoas, tendo recebido diversas condecorações por sua atuação na Guerra do Iraque. A proposta narrativa se tornou a melhor estreia em Hollywood de um filme não associado a franquias, é a melhor estreia na carreira de Eastwood, a melhor já registrada no mês de janeiro e a melhor da história para um drama.
Ainda que retrate um episódio marcado pela morte de milhares de pessoas, Sniper Americano traz uma história de habilidade e bravura e coloca na balança a responsabilidade e a consequência de ser aclamado como herói. Além de explorar a vida militar de Kyle, o longa foca nas escolhas que, ao longo dos anos, moldaram o atirador e o tornaram quem é. O filme passa a ser uma espécie de estudo psicológico do personagem central e desconstrói a imagem de mito para construir a imagem de um homem disposto a sacrificar tudo em nome do país. Ponto para Eastwood, que assumiu o longa depois de Spielberg se recusar diante de um orçamento limitado. Parece que o dinheiro (ou a falta dele) não foi problema para tornar Sniper Americano um sucesso de arrecadação.
O crédito do sucesso vai, também, para Bradley Cooper: além de produzir o filme, o ator interpreta Kyle e dá veracidade, emoção e intensidade a sua história. Além de ganhar peso, o ator estudou cada aspecto da personalidade de Kyle e o colocou em cena com naturalidade e explosão na medida certa. No fim, Kyle se mostra mais que um soldado, mas um homem que carregava nas costas o peso do campo de batalha, sem, contudo, dividir isso com a esposa, Taya Kyle, interpretada por Sienna Miller. E é justamente através do olhar e da atuação (carregada de desolação, tristeza e incompreensão) de Sienna, que o espectador consegue acompanhar o processo que leva Kyle a uma espécie de desumanização.
Apesar do sucesso concreto de Sniper Americano, o longa dividiu opiniões e acumulou polêmica. Para parte da crítica, o filme exalta um período sangrento da história dos Estados Unidos e o patriotismo acaba sendo um elemento que justifica parte das ações. Outros acreditam que as escolhas de Eastwood e a atuação de Bradley Cooper, no papel de Chris Kyle, se sobrepõem a qualquer discussão política e fazem de Sniper Americano uma marca no cinema de guerra. O fato é que o sucesso é inegável e o que o filme é, além de uma lembrança a um homem que dedicou tudo pelo país, um retrato fiel de um dos conflitos que marcou o século.
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