Controversa, incendiária e complexa. Três palavras talvez sejam capazes de resumir a personalidade de Elis Regina, a eterna “Pimentinha”. Talvez. Não se pode dizer ao certo, já que a cantora, que iniciou a carreira na adolescência e passou parte da vida sob os holofotes, parecia se transformar conforme a estação, a vontade ou o acaso. E, apesar de controversa, carregou multidões e hoje as faz carregar a saudade por não estar mais por aqui.
Se estivesse viva, Elis completaria 70 anos de vida na próxima terça-feira e 50 anos de carreira em 2015 e, para marcar as datas, o primeiro site oficial da cantora será lançado no dia 17 com o endereço www.elisregina.com.br. Com um acervo que vai reunir vídeos raros, fotos exclusivas e discografia completa de Elis, a plataforma vai abranger, ainda, depoimentos inéditos de artistas como Cesar Camargo Mariano, Milton Nascimento, Marília Pêra, Gal Costa e Gilberto Gil. A ideia é que aqueles que não a conhecem, saibam quem foi Elis Regina e aqueles que a conhecem mergulhem, novamente, no universo da “maior cantora do Brasil”.
Elis foi uma das cantoras que mais soube se aproximar do público que a cercava, apesar do temperamento explosivo ou bipolar. Nada importava, quando sua voz falava. Falava de si, de sua personalidade, de seu coração. Mas falava, também, de quem a ouvia e era capaz de sentir aquilo que cada estrofe comportava. Com Falso Brilhante e Transversal do Tempo, Elis, que surgiu nos festivais e programas de auditório da década de 1960, inovou os espetáculos musicais do país ao apresentar melancolia e felicidade numa mesma apresentação. Do samba à MPB, da bossa nova ao jazz, Elis se consagrou na história da música por abraçar os excessos, a explosão e a intensidade que a arte exige. Não só a arte, mas a própria vida. E, por isso, sua memória ainda permanece viva e segue sendo revisitada por aqueles que, por um motivo ou outro, precisam de uma dose de inspiração. Ela tinha (tem) de sobra.