Confesso: sou apaixonado pela narrativa de Cassandra Clare. A autora me impressionou nos três primeiros volumes de Os Instrumentos Mortais (Cidade dos Ossos, Cidade das Cinzas e Cidade de Vidro) e decidi encarar mais uma obra do universo dos Caçadores de Sombras. Anjo Mecânico é o primeiro livro da trilogia “As Peças Infernais” e se passa em Londres no ano de 1878. O livro é um prequel, ou seja, se passa antes de Os Instrumentos Mortais. O termo “prequel”, segundo o dicionário, é utilizado para se referir a uma obra artística que contém elementos passados no mesmo universo ficcional ou universo paralelo.
Neste livro a narrativa de Cassandra está ainda mais densa que o normal, os seus personagens estão mais interessantes e são completamente diferentes dos que conhecemos em Os Instrumentos Mortais. Tessa, a nossa protagonista, é uma garota decidida e completamente madura. Ela sabe agir na hora certa, sem ficar se diminuindo ou fazendo drama - o que é um bom sinal para aqueles que não suportam a Clary. A construção dos cenários também me chamaram muito a atenção. A descrição está minuciosa e todos os detalhes, sem exceção, são importantíssimos para a compreensão do livro. A caracterização dos seres do submundo também está incrível, é tudo muito bem arquitetado e simplificado.
Anjo Mecânico possui influências de fantasia urbana e steampunk. O livro mescla romance, ação e mistério. Ao finalizar a leitura percebi que Cassandra quis dar um foco diferente nesta trilogia, uma vez que o romance não é o plano de fundo principal. O passado dos Caçadores de Sombras e os seus segredos são apresentados de forma clara e objetiva, sem muitos floreios.
Cassandra Clare, mais uma vez, provou que sabe escrever para jovens adultos. Suas obras são regadas de muita fantasia e pesquisa, ela utilizou uma ideia ousada para dar continuidade aos seus Caçadores e superou as suas próprias limitações.