Entre uma vinda e outra de São Paulo a Passo Fundo, ela reservava o estúdio de um amigo, na vila Cruzeiro, reunia os músicos e aproveitava para gravar novas canções. O processo se repetiu durante os últimos quatro anos e o resultado dele pode ser conferido no CD homônimo da cantora gaúcha Alana Moraes,27 anos. O primeiro álbum solo da artista traz 11 canções inéditas de compositores de São Paulo e do Rio Grande do Sul, entre eles, Daniel Conti, Angelo Franco e Érlon Péricles, autor de Meio Muito Louca, Não quero ser só e Secreto.
“É um disco de Música Popular Brasileira bastante percussivo e com a presença de ritmos latinos” define Alana. Para conseguir este tempero, ela reuniu os percussionistas Marcelo Pimentel e Sandro Cartier, o baixista Everton Rosa, Charão (trombone) e Zé Ricardo (vibrafone). O violão de sete cordas ficou por conta de Gabriel Selvage, que também assina a produção musical do CD. Alana contou ainda com as participações especiais dos cantores Anaí Rosa e Daniel Drexler. O trabalho foi gravado no Subsolo Sound Studio, em Passo Fundo, e masterizado no estúdio Arsis, em São Paulo.
Gabriel Selvage afirma que a intenção inicial era fazer um disco apenas com violão e percussão, no entanto, durante o andamento do projeto foi percebendo a necessidade de incorporar outros timbres. “Sentimos a falta de um instrumento de sopro, colocamos o trombone, que encaixou direitinho. Na sequência, chegou o baixo fretless, de Everton Rosa, aí o time ficou completo” explica o violonista, que atribuiu o resultado final à liberdade que cada músico teve para imprimir suas ideias. “Durante as gravações fomos conversando, ouvindo sugestões de cada um deles e registrando. Foi um processo coletivo mesmo” avalia.
Como Alana e Gabriel estão residindo em São Paulo, as gravações foram acontecendo por etapas. “Cada vez que vínhamos a Passo Fundo, a gente ligava para o Zé (Zé Ricardo, proprietário do estúdio), e também para os músicos para ver a disponibilidade deles. Aos poucos fomos montando cada peça do quebra-cabeça. Sem a parceria e o talento deste pessoal todo, não teria sido possível. Eles fundamentais para realização do projeto. só tenho a agradecer. Foi o maior presente que ganhei em minha vida” diz a cantora.
Financiamento coletivo
Com o CD em mãos, o desafio da cantora a partir de agora, é conseguir recursos para realizar dois shows de lançamento (Porto Alegre e São Paulo), com os músicos que participaram das gravações. A alternativa foi encaminhar o projeto para o sistema de financiamento coletivo (crowdfunding) cultural Partio. A meta é atingir até o dia 10 de maio, o valor de R$ 18 mil, orçado para as duas apresentações. Para colaborar, basta acessar a página partio.com.br/projeto/alana-moraes. Lá é possível escolher valores que variam de R$ 20 e acima de R$ 5 mil.
Trajetória
Natural de Palmeira das Missões, Alana Moraes começou a cantar ainda na infância, incentivada pelo pai, o também músico Aurélio Moraes. Suas primeiras influências vêm do samba e da música nativista. “Meu pai fazia as músicas para o bloco de carnaval, Viva Trago. Eu cantava na ala infantil do Viva Traguinho” lembra. Na sequência vieram os festivais nativistas, a mudança para Porto Alegre e, posteriormente, para São Paulo, onde reside há 10 anos. Ao lado do músico e companheiro Gabriel Selvage, ela percorre o Brasil participando de shows e de festivais. Em 2012, eles gravaram o CD Amor e Som, com releituras e algumas inéditas.
No ano passado, o casal levou o espetáculo Nostalgia Brasileira à Europa, com apresentações em Portugal, Espanha, França e Holanda. O roteiro do show show faz um resgate dos principais cantoras e violonistas do país, desde 1900 até a cena atual. Em janeiro deste ano, os dois se apresentaram em Buenos Aires e Paso de Los Libres, na fronteira com o Brasil. Em Passo Fundo, Alana e Gabriel participaram apenas nas edições do projeto Música na Praça.