Perto das 9h dessa segunda-feira, a literatura se despediu de Eduardo Galeano. Ensaísta, historiador e ficcionista, o escritor uruguaio morreu aos 74 anos em Montevidéu, nesta segunda-feira, em função de um câncer na região da cavidade torácica que entrou em metástase. Galeano estava internado em um hospital na capital uruguaia desde sexta-feira, 10.
Autor de obras como As Veis Abertas da América Latina, de 1971, e a trilogia Memória de Fogo, escrita entre 1982 e 1986, o escritor combinava a narrativa documental e jornalística com análises históricas e políticas. Ao todo, publicou mais de 30 livros e quase todos eles foram traduzidos no Brasil. Com uma prateleira cheia de prêmios, Galeano recebeu o Casa de Las Américas em 1975 e 1978, e o prêmio Aloa, promovido pelas casas editoras dinamarquesas, em 1993. Ainda, a trilogia Memória do fogo foi premiada pelo Ministério da Cultura do Uruguai e recebeu o American Book Award (Washington University, EUA) em 1989. Em 1999, Galeano foi o primeiro autor homenageado com o prêmio à Liberdade Cultural, da Lannan Foundation (Novo México).
"O mundo é isso, revelou: um monte de gente, um mar de foguinhos. Não existem dois fogos iguais. Cada pessoa brilha com luz própria, entre todas as outras. Existem fogos grandes e fogos pequenos, e fogos de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem fica sabendo do vento, e existe gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas. Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam nem queimam. Mas outros, outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem pestanejar, e quem se aproxima se incendeia."