Por detrás da caracterização

Monólogo que abrda as particularidades do cotidiano de uma travesti foge do clichê e busca a desmistificação do gênero

Por
· 1 min de leitura
 Crédito:  Crédito:
Crédito:
Você prefere ouvir essa matéria?
A- A+

Salto alto, vestido curto, maquiagem carregada. O vermelho do batom se repete no vestido e a altura do salto se reflete na voz. Do exagero característico ao universo desconhecido da vida por detrás do que se vê, Borboletas de Sol de Asas Magoadas, espetáculo que será apresentado no domingo, 17, busca a fuga do clichê e aborda, através de Betty, as particularidades do cotidiano das travestis.

Betty recebe o público e o convida para um passeio: abrindo as portas de sua casa para os  visitantes-espectadores, a travesti expõe suas angústias, dramas e alegrias. O espetáculo, apresentado justamente no Dia da Diversidade, pretende desmistificar as travestis, romper preconceitos e enaltecer a unicidade de cada ser humano. Há treze anos em cartaz, a peça é capaz de emocionar através da interpretação de Evelyn Ligocki, que recebeu o Prêmio Açorianos “Atriz Revelação”  e foi indicada ao Prêmio Qualidade Brasil - Melhor Atriz de Comédia -,  concorrendo com Zezé Polessa e Arlete Salles. Ela, aliás, parece ser o coração da peça.

Para viver Betty, Evelyn viveu com travestis de Porto Alegre e delas aprendeu tudo o que pôde. Em cena, ela se transforma não apenas em uma travesti, mas em um misto de todas aquelas que conheceu. Sua atuação tem força e intensidade e é capaz de levar o público do riso às lágrimas em poucas falas. É capaz de aproximar a plateia de um universo considerado distante e marginal. Tudo nela é verdadeiro: a voz masculinizada, os gestos exagerados, a eletricidade da fala e a angústia dos olhos.

Borboletas De Sol De Asas Magoadas nasceu como projeto de graduação de Evelyn Ligocki, no Departamento de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com orientação da professora Celina Alcântara. Foi escrito com base nas entrevistas que Evelyn fez na Associação de Travestis e Transexuais do Rio Grande do Sul, mas, hoje, treze anos depois, é uma oportunidade. Oportunidade de encontrar uma ótima atriz em cena e extrair, de sua atuação, a verdade por trás das roupas curtas e saltos altos: há, ali, um ser humano carregado de sentimentos. A atuação de Evelyn aproxima e humaniza - personagem e público. O que fica, no fechar das cortinas, é a certeza de que no palco estava uma atriz, mas ali, na próxima rua, um ser humano com as mesmas inquietudes apresentadas pela arte. 

Borboletas De Sol De Asas Magoadas
17 de maio, 20h
Teatro do Sesc
Ingressos no local

Gostou? Compartilhe