Eles são movidos pela paixão, comandados pelo sentimento e guiados pela emoção. São livres, mas estão presos aos pensamentos que insistem em surgir nas noites de segunda-feira. Da poesia á música, encontram nas palavras motivos para se emocionar. Eles são a Confraria da Afetividade, os apaixonados pela literatura pelas artes e que, agora, ampliam seu espaço de discussão e promovem uma noite de encontro aberto ao público. Batizada de Poética – Segunda da Afetividade: Literatura, Roda de Poesia, Música e Artes acontece quinzenalmente, nas segundas-feiras, a partir das 19h no Backstage. O próximo encontro é 1 de junho.
Com coordenação de Afani Carla Baruffi, Miguel Rettenmaier, Jacqueline Ahlert e Tau Golin, Poética é a oportunidade de a plateia se tornar personagem: além de conversas abertas sobre escritores, roda de poesia e autores presentes, o público ganha voz e espaço para falar aquilo que escreveu. A ideia surgiu a partir da inspiração em outras cidades que oferecem saraus de cultura. “O principal é criar um espaço “de reino da liberdade”, como dizia o pensador alemão Theodor Adorno, para não sucumbir integralmente ao “reino da necessidade”, da alienação completa, da indústria cultural”, inicia Tau Golin. “A cultura e as artes, em especial a poética, permitem estes ambientes para pensar o mundo e humanizar as pessoas. É algo simples, mas fundamental: reunir as preocupações humanas com o melhor do pensamento e da estética civilizatória, em um diálogo existencial também com as criações de parte dos presentes. É uma forma de se tonificar com a sensibilidade e a percepção para andar no mundo”, conceitua.
Tudo começou de forma muito experimental. “Deveria ser algo natural, como se alimentar; em um horário apropriado para pessoas que possuem atividades e compromissos, portanto, cedo da noite. Sair do trabalho, ter duas horas de arte, retornar para casa revigorado e, no dia seguinte, estar pronto para o cotidiano”, comenta Tau. Deu certo. “Ficamos impressionados com o comparecimento de pessoas de todas as profissões que também estavam procurando a mesma coisa”, avalia. Para dar certo, a Segunda da Afetividade segue sem a pretensão de se tornar algo grande. Se completa na sua simplicidade. “É uma atividade de convivência estética para as pessoas. Para viver um sarau poético; para curtir somente; para se manifestar sobre literatura, se desejar; e dizer poemas, inclusive os seus, para quem quiser. E conversar sobre estas coisas simples mais radicais da vivência humana”, explica. A paixão, aos poucos, contagia. “Não temos pretensão de influir em nada, exceto proporcionar momentos de sensibilidade, afetividade, inteligência, de rejeição a barbárie e a estupidez”, conclui.