Descontando histórias

Passo Fundo em Cena: espetáculo do Teatro Depois da Chuva será apresentado no domingo, no Teatro Múcio de Castro

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Nem tudo é como sempre foi. Ou não precisa ser. E se, de repente, as histórias que você conhece ganhassem um cenário diferente? E se, por acaso, os personagens passeassem por entre histórias? Sim. Isso pode acontecer: o Grupo de Teatro Depois da Chuva, através do espetáculo História (des)contada criou um universo diferente que mescla Chapeuzinho Vermelho, Os 3 porquinhos, Rapunzel, Branca de Neve e O patinho feio em uma história original. Entre o clássico, o fictício, o conhecido e o desconhecido, a peça é uma proposta diferente  e ousada que chegou aos palcos com o apoio da comunidade e que estreia, oficialmente, neste domingo no Teatro Múcio de Castro no III Passo Fundo em Cena.

 Chapeuzinho, que não é vermelho, tem uma difícil missão: encontrar o sapato de cristal que sumiu do baú da vovó. O sapato foi presente de Cinderela, a Bela. Esta, com Chapeuzinho, seus sete amigos baixinhos, a cabeleireira Ra Punpunz Él, o cavalo Bicicleta e os Porquinhos Trigêmeos empenham-se em uma busca alucinante. Em cena, o final mostrará uma descoberta que seria surreal... se não fosse perfeitamente possível. A peça tem texto inédito, foi criada pelas atrizes Ana Marques e Betinha Mânica e busca atingir todos os públicos.  “Há muito tempo o Teatro Depois da Chuva quer construir um espetáculo 'infantil-para-todas-as-idades' e, com esse intuito, muitas obras literárias foram lidas. A ideia era construir a dramaturgia e não partir de um texto teatral com personagens e cenas já estabelecidas”, contam as atrizes.

No meio do processo de busca por uma história, nenhuma delas agradava a ponto de eliminar as demais que foram sendo descobertas. Depois de um tempo, Ana e Betinha começaram a brincar com os personagens e as situações de cada enredo e, a partir da brincadeira, novos enredos foram nascendo. “Desconstruir histórias e mesmo mesclá-las é um uso comum, tanto no teatro como no cinema, na literatura... Ou seja: não é uma novidade, nem uma ideia original. Na verdade, nós, atrizes, nem sequer tivemos essa ideia! Ela surgiu ao procurarmos o que gostaríamos de expressar em um espetáculo direcionado também às crianças. E que sabemos, é muito apreciado pelos adultos”, comentam e acrescentam, ainda, que a proposta, apesar de não ser nova, é divertida. “É um processo muito divertido, além de intenso. Nos colocamos em trabalho e a carga adquirida no contato com livros, avós, mestres, dindas, colegas, imaginário, e principalmente, a memória muscular, advinda do trabalho de nossos treinamentos como artistas cênicas, vai aflorando, somando detalhes e propondo transformações”, explicam.

O espetáculo se construiu na mente das atrizes, mas ganhou o palco através da ajuda dos amigos e da comunidade: História (des)contada foi financiado através de uma vaquinha digital que permitiu que a estrutura necessária fosse comprada. Dirigida pela própria Betinha, a peça é um desafio para a atriz. "Claro que preferíamos uma direção externa, mas por não possuir nenhum incentivo financeiro, resolvemos encarar o desafio. É bastante delicado, mas acho que a larga experiência unida a muito trabalho  dará conta”, adianta.

A produção também é da dupla e ver um novo trabalho ser apresentado na terceira edição do Passo Fundo em Cena, já que Os Bons Serviços já foi apresentado, é gratificante. “A mostra é uma grande conquista para o teatro passo-fundense. Há mais de 10 grupos na cidade, com linguagens diferenciadas e cada um encontra uma maneira de levar o seu trabalho ao público. É o momento de mostrar que Passo Fundo faz arte, de diferentes formas. História (des)contada traz uma outra estética, que não deixa de ser  experimental e de investigação do trabalho do ator, interesses que mobilizam as ações do grupo. Com esse novo espetáculo, experienciamos um gênero distinto, mais leve e que permite que toda a família possa ir junta ao teatro divertir-se”, convidam.   

História (des)contada
Teatro Múcio de Castro
16 de agosto, 15h
O ingresso poderá ser adquirido no Teatro do SESC, através da doação de um quilo de alimento não perecível, que beneficiará entidades socioassistenciais cadastradas no Programa Mesa Brasil do SESC.

 

Essa mulher é minha!
Além de História (des)contada, que é matéria no Segundo Caderno,  o III Passo Fundo em Cena apresenta, no sábado, um espetáculo da Cia Arte & Palco. "Essa Mulher é minha!" une, pela primeira vez em mais de 20 anos, a antiga geração do teatro, em um espetáculo que aborta temas como a ética, moral, honestidade, coragem e o amor. Além disso, na segunda, 17, será apresentado Um bate-papo com gente fina, elegante e sincera, da Cia Ágora, com Beto Mayer e Ismael Werlang, às 20h. Na terça, 18, o Timbre de Galo apresenta, às 15, A viagem de um barquinho. E, encerrando a mostra, a Cia de Teatro Contapramim apresenta, no dia 19, às 15h, na Praça Tochetto a peça Melancia, Berinjela e um tal Pedro Malasartes. O ingresso – para qualquer dia - poderá ser adquirido no Teatro do SESC, através da doação de um quilo de alimento não perecível, que beneficiará entidades socioassistenciais cadastradas no Programa Mesa Brasil do SESC.

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