“Os caminhos escondidos para os contos de fadas. Entre a seu próprio risco”
Uma floresta encantada. Um João, uma Maria. Uma Chapéuzinho Vermelho. Um Lobo. Entre princesas, príncipes, bruxas e personagens nascidos nas páginas dos livros dos contos de fadas é que surge a obra de Luciana Lhullier: No Coração da Floresta, que será lançado nesta quinta-feira, 8, na Livraria Nobel, traz uma coleção de poemas, ensaios e imagens que remetem a histórias conhecidas da cultura ocidental. Dos Contos de Fada à Mitologia Grega, de Shakespeare a Edgar Allan Poe, a autora faz uso de diferentes pontos de vista e dá voz e rosto a personagens por vezes antes caladas e na sombra, para que reclamem seu lugar no universo ficcional que habita a nossa memória.
Mestre em Teoria Literária pela PUCRS, Luciana foi professora, tradutora, intérprete, mediadora cultural e, recentemente, produziu o documentário Amor Animal. Já organizou e publicou livros, artigos e capítulos sobre Ensino de Língua Estrangeira. Colaborou com textos para os sites Red Room e Big Think. De toda a sua experiência surgiu a própria escrita. “A ideia [do livro] é convidar as pessoas a pensar e conversar sobre as histórias. Gosto muito de um poema de Emily Dickinson que começa assim: “This is my letter to the world” (Esta é a minha carta para o mundo). Acredito que toda criação é, de certa forma, uma carta para o mundo. Neste livro, que é minha “carta”, falo sobre o que é meu objeto de estudo e material de criação desde sempre: os contos de fadas e também histórias que me são caras”, inicia a autora.
Para Luciana, contos de fadas são uma espécie de retrato da humanidade e é por isso que os escolheu para habitar sua obra. “Falar sobre contos de fadas é importante porque falar sobre a vida é importante. O material dos contos é o material de que é feita a humanidade: amor, ódio, compaixão, perdão, inveja, ciúme, rejeição, acolhida etc. Se deixarmos de falar sobre essas coisas, não restará muito de nós para chamar de humano.” Ela acrescenta, também, que, ainda que não influenciem ou representem de forma real a sociedade, contos de fadas são capazes, sim, de se relacionar com ela de forma direta. “Os contos tratam, de forma simbólica, do relacionamento do indivíduo consigo mesmo e do indivíduo com os outros, com a sociedade. Não acredito que os contos influenciem a sociedade, mas sim que a mesma crie, coletivamente, narrativas que deem sentido ao que seus membros vivenciam. Quer dizer que não acredito, por exemplo, que as atitudes das princesas nas histórias influenciem diretamente o modo de ser das meninas, mas devemos pensar sobre por que razão personagens femininas que correspondem ao estereótipo da princesa indefesa, que só encontra felicidade no casamento, são ainda tão populares nos nossos dias. Será que não estaria na hora da sociedade reescrever suas narrativas?”, questiona.
Questionamentos, respostas e novas visões sobre os contos de fadas podem ser encontrados nas páginas de No Coração da Floresta, obra que será lançada nesta quinta-feira, 8, a partir das 18h, na Livraria Nobel. Além disso, a autora participará de sessão de autógrafos na Feira do Livro de Passo Fundo, no dia 06 de novembro, às 19 horas. Atualmente, Luciana mantém um blog de poesia em língua inglesa, o Wooden Box, um blog de ensaios e poesia em língua portuguesa, homônimo ao livro No Coração da Floresta, e uma página com histórias no site Storybird.