“É como se eles quisessem escavar a leitura, ir além das palavras impressas no livro, vasculhar a intimidade do autor”. Jonas Ribeiro é formado em língua e literatura portuguesa e, segundo ele, também “pelos tantos livros que leu por prazer em bibliotecas públicas ou que, sem pensar duas vezes, garimpou em livrarias”. O escritor infanto-juvenil foi o convidado da tarde de ontem (03) para um bate-papo na 29ª Feira do Livro de Passo Fundo. Ele falou sobre sua mais recente obra: Alfabético – Almanaque do Alfabeto Poético e encantou as crianças com rimas, músicas e jogos de palavras. De acordo com ele, esses momentos de interação com o público são importantes para que eles possam extrair o que livro não trouxe. “Isso é muito curioso. Esses encontros me alimentam no sentido de levar para a biblioteca, para casa, para escritos posteriores, o que deixei eu deixei escapar e que poderia ser melhor desdobrado”.
Entre suas 101 obras, Ribeiro também escreveu para jovens e adultos. Mas é a literatura infantil que faz seus olhos brilharem. Para o autor, existe um pensamento que diz que um bom livro é para todas as idades, mas cada uma possui peculiaridades de interesses e nuances que são específicas de cada faixa etária. “Eu, particularmente, tenho uma afinidade maior com as crianças, mais com elas do que com os jovens. Então a minha obra basicamente é infantil”. Contudo, a paixão pela literatura infantil não a torna mais fácil. “É tão difícil escrever para crianças como para adultos, porque a gente escreve entrelinhas. Sintetizar é mais difícil do que falar muito. Sabe aquela filosofia de que menos é mais?”.
Foi na adolescência que seu interesse pelos livros despertou. Quando tinha 14 anos, o autor lia de dois a cinco livros por dia. “Quando os devolvia na biblioteca eu ficava pensando quais deles eu renovaria, aquele autor que me chamou mais a atenção, que eu gostaria de explorar”. Como a maioria dos autores, o início de sua carreira não foi fácil. O primeiro livro foi negado por 18 editoras. “É como o começo de muitos escritores. O início da obra do intelectual é muito difícil, mas à medida que o tempo vai passando para a gente vai ficando mais fácil”, conta Ribeiro.
Bate-papo
A atividade de visitar a feira, conhecer o autor e ouvir as histórias é um diferencial na vida escolar da criança. Segundo a professora da Escola Estadual Ana Willig, Valéria Fernandes, é importante que esse contato seja feito desde cedo. “Há crianças que tem mais acesso aos livros, mas a gente que é da escola pública é mais difícil, e essa é uma oportunidade que eles têm de vir, participar e serem incentivados a ler”.
#ToLevandoPraCasa
A organização do evento criou a hashtag #ToLevandoPraCasa. Quando você visitar a feira, poste uma foto sua nas redes sociais com o nome do autor, do livro e explicando o porquê de adquirir a obra. Participe!