Nem mesmo todo o oceano

Peça que retrata a instauração e início da Ditadura Militar no Brasil é dirigida por Inez Viana e será apresentada no Teatro do Sesc nos dias 11 e 12 de novembro

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De repente, não se pode estar em casa. Nem no trabalho ou na praça. Em nenhuma parte da cidade ou do interior. Nem mesmo (em) todo o oceano. A história de uma rapaz do interior de Minas Gerais que chega no Rio de Janeiro para estudar medicina e, em meio a um amontoado de acontecimentos, se vê em meio a Ditadura Militar de 1964 é o enredo da peça “Nem mesmo todo o oceano”, baseada na obra de Alcione Araújo, dirigida por Inez Viana e apresentada, nos dias 11 e 12 de novembro, em Passo Fundo.

No palco, a peça conta os instantes que antecederam o golpe militar e os primeiros momentos da repressão, enfatizando o processo de perversão espiritual do ser humano. Cada acontecimento se entrelaça com a vida do médico que, entre o deslumbre e a passividade, se deixa levar pelo clima: entre a surpresa e o pavor, se torna legista do DOI-Codi, órgão de repressão durante a Ditadura. “Nem mesmo todo o oceano” levanta questões de ética e valores através de uma história fictícia: um médico recém-formado que passeia pela sua difícil infância de menino pobre no interior de Minas, pelos primeiros tempos de estudante vivendo em pensões no Rio de Janeiro, pelas decepções amorosas, frustrações existenciais, pela difícil sobrevivência em meio às feras do asfalto selvagem, enfatizando, sobretudo, a transformação da personalidade de alguém frente a um Golpe. “Na peça fatos reais se misturam à ficção, nos trazendo imediata identificação de uma das mais agravantes e dolorosas épocas do nosso país, a era da inocência perdida”, comenta a diretora.

A peça, adaptada em 2013, passou por três temporada de sucesso no Rio de Janeiro e, mais tarde, embarcou no Circuito Sesc pelo Ceará, Paraíba, Minas Gerais, Paraná e, agora, Tio Grande do Sul. Além disso, participa de um circuito de 14 lonas culturais pela periferia da cidade do Rio e, também, foi indicada ao Prêmio APTR na categoria Melhor Produção e ao Prêmio Questão de Crítica nas categorias Melhor Direção e Melhor Trilha Sonora. Na encenação de Inez Viana os atores Leonardo Brício, Iano Salomão, Jefferson Schroeder, Junior Dantas, Luis Antonio Fortes e Zé Wendell se intercalam nos diversos personagens que compõem a trama, trajam figurino simples porém elegante e atuam com a liberdade do espaço vazio. Não há cenário. Há, por outro lado, o ator como centro do palco e protagonista de um thriller contemporâneo dentro de um romance histórico.

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