Após um intervalo de sete anos, o cantor, compositor e violonista Otávio Segala retorna ao teatro Múcio de Castro, nesta sexta-feira, para apresentar Noites de Boemia. O show, marcado para às 21horas, tem participação do cantor Ricardo Pacheco e a exposição Retrato, Rumo e Raízes da Arte, da artista plástica Klenia Sanches. Os ingressos podem ser adquiridos no local. O valor é de R$ 20.
Natural de Santa Maria, mas radicado em Porto Alegre há vários anos, Segala já levou sua música para países como Alemanha e Japão, onde chegou a residir. Também mostrou seu trabalho no lendário Vinicius Bar, no Rio de Janeiro. Sobre o retorno ao Múcio de Castro define como sinônimo de começo. “Ricardo Pacheco me avisou que poderia rolar um show em Passo Fundo, então disse sim na hora. Me sinto em casa, é sempre um começo”, revela.
A partir de uma sequência de shows realizados entre os anos de 2005 a 2008, Segala cativou um público passo-fundense que sabe de cor algumas das canções gravadas em seus dois CDs, A Bossa do Samba, e Mokambo, de 2003 e 2008, respectivamente. Ambos indicados ao prêmio Açorianos. “Já aconteceu aqui, se eu conseguir que entrem no show com as músicas conhecidas será uma interação perfeita. Descobri que o público é meu cenário” define.
É a partir de uma apanhado de canções destes dois trabalhos que o músico pretende abrir o show desta noite. Na primeira parte, o destaque fica por conta das parcerias com o seu conterrâneo Clóvis Itaquy e Alexandre Florez. Entre elas, Água do mar, Deixa o amor me levar, O Gol, Frevo e Ladeira e Maracatu cantador. Na sequência, mostra ao público o resultado das novas parcerias.
“Logo tem Cristina Saraiva, do Rio de Janeiro. Ela fez uma letra para o projeto “Acorde Brasileiro”, do produtor Carlos Contoursi, de Porto Alegre. Tem Maxixe, com o poeta e escritor de Santa Maria, Orlando Fonseca. “O sapo da lagoa”, parceria com o escritor Dilan Camargo, patrono da Feira do Livro deste ano. Uma feito hoje (quarta-feira), chamada Pandemônio, com professora universitária Márcia Barbosa, aí de Passo Fundo, e algumas na manga”, adianta o compositor, que afirma ter muito trabalho represado. “São fases que não foram gravadas e nem conhecidas. Difícil fazer uma seleção. Tinha um projeto com a cara de Poetas da Boêmia, mas aí comecei a ensaiar novas músicas e novas músicas "antigas" fiz um misto” revela.
Segala continua ‘seguindo a trilha da música popular brasileira ao seu modo, sem imitações ou saudosismos’ como definiu o escritor Luís Fernando Veríssimo no texto de apresentação de seu primeiro CD.
“A MPB sou eu, vivo dela, a assumi e não abro mão; "mando nela" porque ela me escolheu, me quer e eu a ela. A MPB é esses que a seguem, a admiram e não se enganam com semi-composições com cara de Brasil. Outros sonzinhos a gente curte também na praia, no carro, no morro, no lual, nada contra, mas no palco a ‘Arte’ tem que despertar amor ou desamor, nunca meio termo. Vamos tentar jogar bem esta bolota” observa.
Questionado sobre a atual MPB, o compositor dispara. “Não sei se choro rindo ou se rio chorando. Mais que isso não dá pra falar. “Não querem" que a realidade em arte apareça. "Estão" enterrando a MPB, aquela MPB mesmo. Os artistas estão isolados cuidando de suas vidas, atrás de grana pra pagar suas contas ou mesmo desistiram. Arrumaram outros empregos, outros não estão nem aí, outros têm problemas de aparecer, uma pena. Alguns apareceram e não houve ímã pra agradar os "entendidos de arte". Como eu queria ter acesso direto ao público quase sempre, aí não preciso de críticos ou pessoas que julguem o meu trabalho. O sistema é esse e é cruel, burro, não obstante desmoralizador” sentencia.
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