Literatura
“O ano de 2015 será para sempre marcado como o ano em que a Jornada Literária de Passo Fundo não foi realizada. A notícia foi tão impactante que está nos fatos negativos da retrospectiva literária do ano em jornais, revistas e sites literários do estado e do país. A alegada “crise econômica” foi a mesma razão usada para que o governo federal cancelasse a compra de livros pelo PNBE (Plano Nacional de Bibliotecas Escolares) e para que o governo estadual não realizasse nenhum encontro do Autor Presente, projeto de leitura e literatura nas escolas com mais de 20 anos. Contudo, de algum modo, a Capital da Literatura resistiu em sua vocação literária inquebrantável com importantes realizações durante o ano. Aconteceram as “Segundas da Afetividade”, logo depois transformadas em “Quintas Poéticas”. Um espaço para a literatura e a poesia, aberto ao público. A poesia fervilha como a vida na Rua Independência. Na metade do ano, a Secretaria de Cultura chamou os escritores locais para elaboração de um edital de premiação da literatura produzida na cidade. O prêmio, já encaminhado como projeto de lei para aprovação, terá sua primeira edição em 2016 e reconhecerá a melhor narrativa, crônica, poesia e literatura infantil. As melhores obras em cada categoria receberão um valor em dinheiro e serão adquiridas pela Secretaria de Educação para leitura nas escolas. Uma grande conquista. Embora com minha opinião pessoal discordante, a Feira do Livro de Passo Fundo aconteceu em um espaço novo, ao abrigo das intempéries e insegurança, que tanto preocupava os livreiros da cidade. Mesmo que eu não ache um shopping o melhor lugar para a literatura – e que feira deve ser nas ruas e nas praças-, ante a insatisfação dos comerciantes do centro e considerando os vendavais e roubos acontecidos, tendo em vista, ainda, o espaço climatizado e com estacionamento, o novo espaço da Feira do Livro venceu em vantagens sobre as desvantagens. A biblioteca do SESC Passo Fundo abriu suas portas para trazer à cidade momentos de literatura. Destaque para o curso de Literatura Inglesa Escrita por Mulheres, ministrado pelo escritor Gustavo Czekster. A cidade teve, durante este ano, duas oficinas literárias que contou com a participação e aprimoramento dos escritores locais: com a escritora Leticia Wierzchowski em junho e com o escritor Roberto Frizero, em novembro, durante a Feira do Livro. O ano, ainda, se desenvolveu com vários lançamentos de escritores da cidade em todos os gêneros: literatura infantil, poesia, crônica, conto e romance. Destaco, pela sua originalidade, o livro Valdrada por trazer, pela primeira vez, textos do grupo chamado “Sociedade dos Poetas Vivos”, escritores da cidade que buscam qualificação e aperfeiçoamento técnico. O ano encerrou com a posse dos novos membros da Academia Passo-fundense de Letras, todos autores de textos literários. Somos a Capital Nacional e Estadual da Literatura. E este ano fizemos muito para honrar este título.”
Por Pablo Morenno, escritor
Teatro
“Dando uma pausa nesse ano de intensa movimentação é possível ver que foi um ano positivo, com importantes realizações como o restauro do Teatro Municipal Múcio de Castro que, após sua inauguração, seguiu com uma intensa produção acolhendo espetáculos teatrais e shows musicais. Agora temos um espaço público adequado para desenvolvermos nossa arte. Mostrando a força da produção cênica, tivemos importantes eventos como a 3° Edição do Passo Fundo Em Cena, uma mostra teatral que valorizou os atores e grupo locais. O Sesc, mais uma vez, foi um grande incentivador de nossa cultura e promoveu a 5° Mostra Sesc de Teatro, com intervenções urbanas e espetáculos nacionais, proporcionando ao público o que de melhor está sendo produzido no país e contribuindo para a formação de plateia. Além disso, os grupos locais rodaram com seus espetáculos de repertório em diversas cidades do Rio Grande do Sul e de outros estados brasileiros. Nossa cidade contou, ainda, com a filmagem de um longa metragem nacional, que teve o apoio de artistas locais no elenco e figuração. Dessa forma, terminamos esse ano com a cabeça erguida, projetando um 2016 de muita arte e cultura. E que o teatro continue nos transformando”
Por Edimar Alexandre Rezende, Presidente Conselho Municipal de Cultura e ator e pesquisador do Grupo de Teatro Timbre de Galo
Cinema
“2015 pode ser considerado um ano de revival no cinema, não em termos de temas, mas em termos de técnica. O maior exemplo disso é o grande hype em torno de “Mad Max - Estrada da Fúria”, indicado ao Globo de Ouro de melhor drama (!!!!) e bem cotado para o Oscar. É um filmaço, mas mostra sobretudo como a safra americana tem sido fraca no terreno do drama. O que indica o sucesso do filme, também? George Miller, aos 70 anos, ignorou a tendência a usar CGI e efeitos visuais em excesso e usou os velhos e bons dublês e explosões em set. Quem seguiu o mesmo caminho, reforçando a tendência de se apoiar em efeitos mecânicos e menos CGI, foi JJ Abrams, que fez com que o sétimo Star Wars finalmente honrasse a memória e a nostalgia dos fãs da trilogia original e deve ultrapassar na bilheteria do ano os dinossauros de “Jurassic World”, que prestou uma homenagem fazendo várias referências ao primeiro filme (como aliás o novo Star Wars faz com o episódio IV). O ano também marcou a entrada da Netflix no terreno dos longas, com o elogiado “Beasts of no Nation”, e a consolidação da ponte entre os longas da Marvel e séries da Netflix habitando o mesmo universo, com as estreias de “Demolidor” e “Jessica Jones”. O Brasil viu, finalmente, surgir “Chatô - o Rei do Brasil”, depois de 15 anos de produção, e consternou-se com a ausência do excepcional “Que Horas ela Volta?” da lista de pré-indicados ao Oscar (de todos os indicados dos últimos anos, é o que mais merecia estar lá). Por fim, se grandes cineastas como Woody Allen e Tim Burton decepcionaram, novos diretores como J.C. Chandor (O ano mais violento) e Dennis Villeneuve ( Sicário) consolidam-se como nomes afirmados entre os grandes cineastas da atualidade.”
Por Fábio Rockenbach, professor da UPF e especialista em cinema
Música
“O ano passou voando e apesar das dificuldades, Passo Fundo tem cada vez mais reconhecido a importância e necessidade da valorização da cultura, tendo o privilegio de presenciar inúmeras atitudes em prol de uma forte cena cultural aqui em nossa cidade. Neste ano, tivemos a 2ª Edição do Música na Praça e também o I Festival de Música do Passo, organizado pela APMC (Associção Passo-fundense de Músicos e Compositores), que trouxe à tona várias peças de ótima qualidade e todas produzidas aqui nesta cidade. Houve também diversos lançamentos de artistas locais como o DVD do grande músico Jonathas Ferreira, o lançamento do clipe e single “Polegar Solitário” da jovem Los Marias, o lançamento do álbum “Cosmo a Olho Nu” da banda Reino Eletrón, e dos singles “Sonhos” da Roudini e os Impostores e “Vai ter que Confiar” da General Bonimores. Foi um ano muito produtivo para o cenário musical passo-fundense. Vale lembrar que muitos shows aconteceram por aqui, entre eles os de nomes como Zé Ramalho, Kleiton e Kledir, Júpiter Maçã, Yamandu Costa, Beto Bruno e muitos outros. Porém o evento mais marcante com toda certeza foi o “Um Olhar para o Theo”, evento que reuniu mais de 40 músicos gaúchos para ajudar o garoto Theo.Que os ventos do norte nos tragam em 2016 ainda mais música, cultura e entretenimento. Temos uma longa caminhada pela frente, mas estamos no caminho certo. Let’s Rock!”
Por Ihago Jury, integrante da banda Los Marias
Além disso...
O ano foi movimentado em todos os setores da cultura. Da música às letras, teve oportunidade para todo mundo curtir um pouco daquilo que gosta ou prefere. E além de tudo isso que está nesta página, a cultura pode ser apresentada, também, em números: no Teatro Múcio de Castro foram 86 apresentações desde a sua ianuguração, em maio. Com o Sesc, cerca de 87 mil pessoas foram atendidas em Passo Fundo e região. Foram 127 ações de teatro, 60 espetáculos musicais, 11 apresentações de dança, 47 exibições de filmes, 15 intervenções literárias e 30 exposições ou mostras didáticas. Além disso, outras 65 ações de oficinas e palestras foram oportunizadas para a comunidade. E teve também o Música na Praça, o Livro do Mês, lançamentos de discos e livros, tributos e shows espalhados pela cidade. Pra quem gosta, 2015 foi um prato cheio. Que venha 2016. Estamos ansiosos!