Aos seis anos, ao ver o vizinho aprendendo, surgiu o interesse pelo piano. O primeiro contato com a música despertou no porto-alegrense Michael Correa uma paixão que o acompanharia pelo resto da vida. Os pais logo perceberam e, no Natal, o incentivo veio em forma de presente: por falta de espaço físico, Michael ganhou um teclado e uma inscrição em uma escola de música. Mais tarde, se interessou pela música eletrônica tocada nas danceterias da capital gaúcha e resolveu unir aquela que, até então, era uma nova experiência musical com o tradicional piano. Logo, as primeiras criações começaram a nascer. Aos 15 anos, ele produziu o primeiro single. Montou um grupo de estudos com um amigo e aprendeu mais sobre cada instrumento a que tinha acesso. O objetivo sempre foi o mesmo: dominar a técnica de captar e dirigir melhor os artistas com quem experenciava as primeiras gravações. Foi do mergulho nas mais diversas formas de fazer e produzir música que Michael encontrou aquilo que queria fazer de verdade: produzir músicos através do uso da tecnologia.
A diferença no mercado
Deu certo. Aos poucos Michael começou a produzir artistas independentes e se diferenciou no mercado e logo ingressou em uma grande gravadora. “Aos poucos comecei a ir para São Paulo dar aulas e produzir em estúdios. Estes cursos também me colocavam em contato com muita gente de São Paulo e Rio de Janeiro, o que me levou, mais tarde, a produzir e morar nestas cidades. Em 98, fui para SP trabalhar exclusivamente para uma gravadora onde fiquei por quase três anos e ali tive contato com centenas de artistas e bandas que foi um enorme prazer trabalhar e produzir, era realmente um ambiente muito profissional. Foi um aprendizado enorme.”. Em 2000, Michael voltou a Porto Alegre e, lá, passou a atuar na Flórida Produções - uma produtora de áudio que, na época, estava entre as maiores do país. “Lá fiquei, como sócio e produtor musical até agosto de 2015. Produzi mais de duas mil peças publicitárias entre jingles e trilhas nacionais e internacionais, pude interagir com muitos artistas importantes do mercado e dividir experiências muito legais.”, conta.
Por aqui
Em Passo Fundo, sua história começou por volta de 2010, a partir do contato com Clarice Castro, da Sonata Produções Musicais. “Passo Fundo foi para mim uma das mais importantes, senão a mais importante passagem da minha vida”, inicia. “Clarice foi, inicialmente, minha aluna e aos poucos fomos formando ideias juntos. Por seu convite fui gravar e finalizar o material do Talentos da Terra. Neste dia tive contato com a Musiclass, que é um ícone de ensino dentro de Passo Fundo e que tinha, na época, dois sócios muito especiais: o Jonathas Ferreira e o Samuel Quadros - pessoas que hoje tenho como da minha família, são para mim como irmãos, pessoas que realmente levam conhecimento e oportunidades inarráveis aqui”, lembra. A partir desse contato, a Musiclass abriu as portas para que Michael pudesse ministrar workshops sobre produção musical, mercado da música, técnicas de estúdio, produção, produção publicitária, mixagem e masterização através do Centro de Ensino e Tecnologia Musiclass.
Mudança definitiva
Dos workshops, Michael logo começou a produzir artistas de Passo Fundo também. “Minha primeira produção em Passo Fundo aconteceu alguns anos atrás, com a Paula Araújo. Também trabalhei com muitos artistas em singles e álbuns, mas gostaria de destacar o Jonathas Ferreira. Ele tinha um projeto ainda inacabado e um caminhão de dúvidas. Propus a ele, então, uma produção onde iria fazer uma imersão: Jonathas conviveu por 30 dias diretamente comigo, onde me dediquei somente a ele e seu projeto. Hoje, com o lançamento do CD Correnteza, capturado na Flórida Produções, é para mim um dos discos instrumentais mais respeitados do estilo no Brasil”, salienta. É em função dessa troca de experiências com os músicos de Passo Fundo que Michael dá, agora, mais um passo importante na sua trajetória: unir a RMX – produtora que existe desde 1996 – com o estúdio Musiclass. “Em 2016 aceitei o convite do Samuel Quadros, diretor da Musiclass. Desta parceria irão nascer diversos projetos legais para movimentar o cenário sonoro e cultural da cidade. Iremos instalar um laboratório permanente de áudio com cursos e produção musical ao alcance de todos. Será uma experiência muito especial para mim já que esta cidade me acolheu com muito carinho e conheci tantos talentos especiais por aqui”.
Com a mudança marcada para fevereiro, Michael destaca que ele (ou a RMX) e a Musiclass são, agora, uma só família. “Pretendo continuar com todos os mais de 20 cursos que ofereço no Centro de Tecnologia. Vamos produzir ainda mais artistas e singles, mas principalmente trazer o meu sonho, o Laboratório de Criação, para dentro da Musiclass. “Estou na música há pelo menos 24 anos. Gosto de dizer que, conscientemente, 20 anos, mas sempre acho isso pouco, porque pra mim é um projeto de vida, e pretendo fazer muita coisa ainda. Hoje produzir uma música é primeiro entender o artista”, conclui.